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Sol artificial da China bate recorde mundial de energia por fusão nuclear

EAST, o "sol artificial" da China, alcançou um marco histórico ao operar por 1.066 segundos, avançando na fusão nuclear

China2Brazil
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Agência

Publicado em 21 de janeiro de 2025 às 15h53.

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China estabelece novo recorde com o "sol artificial"

O Tokamak Supercondutor Avançado Experimental (EAST), conhecido como “sol artificial” da China, alcançou um marco histórico ao manter uma operação de plasma em confinamento de alta eficiência por 1.066 segundos nesta segunda-feira (20). Este feito bateu o recorde mundial anterior, representando um avanço crucial na busca pela energia limpa por meio da fusão nuclear.

O objetivo do “sol artificial” é replicar o processo de fusão nuclear do Sol, oferecendo uma fonte de energia infinita, sustentável e limpa para a humanidade. Além disso, essa tecnologia pode abrir portas para explorações espaciais além do sistema solar.

Por que a marca de 1.000 segundos é tão importante?

A conquista de 1.066 segundos de operação estável é considerada um divisor de águas na pesquisa global em fusão nuclear. O recorde foi alcançado pelo Instituto de Física de Plasma da Academia Chinesa de Ciências (ASIPP), que superou a marca anterior de 403 segundos, também estabelecida pelo EAST em 2023.

Segundo especialistas, para que a fusão nuclear seja viável como fonte de eletricidade, é necessário:

  • Atingir temperaturas acima de 100 milhões de graus Celsius.
  • Manter uma operação estável por longos períodos.
  • Garantir a controlabilidade do plasma no processo.

Song Yuntao, diretor do ASIPP, explicou que o funcionamento contínuo do plasma por milhares de segundos é fundamental para que futuras usinas de fusão nuclear gerem energia de forma sustentável. “O novo recorde é um marco significativo para o desenvolvimento de reatores de fusão”, destacou Song.

Colaboração internacional e avanços tecnológicos

Desde que entrou em operação em 2006, o EAST tem servido como uma plataforma de testes aberta para cientistas chineses e internacionais realizarem experimentos relacionados à fusão nuclear. Gong Xianzu, chefe da divisão de Física e Operações Experimentais do EAST, revelou que melhorias recentes, como no sistema de aquecimento, contribuíram para o recorde.

“O sistema de aquecimento, equivalente a quase 70.000 fornos de micro-ondas, agora dobrou sua capacidade de saída, mantendo estabilidade e continuidade”, afirmou Gong.

A China também participa do Reator Internacional Termonuclear Experimental (ITER), o maior dispositivo experimental de fusão nuclear do mundo, atualmente em construção no sul da França. Como parte do projeto, o país é responsável por 9% da construção e operação, com o ASIPP liderando a missão chinesa.

Além disso, o EAST tem contribuído para o avanço do modo de alto confinamento, essencial para reatores experimentais como o ITER e o futuro Reator Experimental de Engenharia de Fusão da China (CFETR).

Futuro da fusão nuclear na China

Na cidade de Hefei, onde o EAST está localizado, uma nova geração de instalações experimentais está sendo construída. O objetivo é acelerar ainda mais o desenvolvimento e a aplicação prática da energia de fusão.

“Esperamos expandir a colaboração internacional por meio do EAST e trazer a energia de fusão para uso prático pela humanidade”, finalizou Song.

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