A pesquisa e a experiência da sobrevivente oferece informações novas sobre a infecção do coronavírus em pessoas com o sistema imunológico enfraquecido (Ammar Awad/Reuters)
Laura Pancini
Publicado em 20 de outubro de 2021 às 12h00.
Um novo estudo publicado no periódico Medrxiv, ainda não revisado por pares, analisa o caso de uma sobrevivente do câncer que carregou o coronavírus por ao menos 335 dias.
É o caso mais longo já registrado do vírus da pandemia até o momento. Ele pode ser indicativo do impacto que a doença tem nos imunossuprimidos.
A paciente, uma mulher de 47 anos que não foi identificada, é residente dos Estados Unidos e foi hospitalizada pela primeira vez entre abril e maio de 2020.
Dez meses se passaram e os médicos descobriram que ela ainda estava testando positivo para o vírus. Durante esse período, a mulher chegou a apresentar sintomas leves em alguns momentos.
Três anos antes, a paciente ficou imunocomprometida após um tratamento bem-sucedido de câncer, que a deixou com baixos níveis de células B no sangue.
As células B são responsáveis pela produção de anticorpos, o que pode explicar o motivo pelo qual ela continuou testando positivo.
Num determinado momento, de acordo com o estudo, os médicos chegaram a pensar que os resultados se tratavam de falsos positivos por conta de fragmentos inofensivos do vírus deixados após a eliminação da infecção.
Em março de 2021, os médicos sequenciaram o genoma do vírus quando a carga viral da paciente aumentou. Eles descobriram que o vírus era muito semelhante ao coronavírus que ela carregou dez meses antes -- ao mesmo tempo que era diferente de qualquer cepa que estava circulando naquele momento.
A paciente, enfim, recebeu tratamento e eliminou a infecção 335 dias após o primeiro teste. Desde então, todos seus testes vêm negativos.
A pesquisa e a experiência da sobrevivente oferece informações novas sobre a infecção do coronavírus em pessoas com o sistema imunológico enfraquecido. Pela fragilidade, elas têm chances maiores de contrair a covid.