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Vanessa Barbosa
Publicado em 4 de agosto de 2018 às 07h40.
Última atualização em 4 de agosto de 2018 às 07h40.
São Paulo - Um novo estudo revela que 55 milhões de quilômetros quadrados nos oceanos permanecem intocados por impactos negativos associados às atividades humanas. Pode parecer muito, mas isso representa apenas 13% dos oceanos do mundo.
O estudo, publicado na revista científica Current Biology, é o primeiro a realizar um mapeamento sistemático do ambiente marinho global, identificando áreas pouco afetadas pelas atividades humanas.
Para isso, os pesquisadores da Universidade de Queensland, na Austrália e da Wildlife Conservation Society dividiram os oceanos em 16 regiões para análise e classificaram o estado de cada uma com base em 15 estressores antropogênicos (variáveis de impacto negativos associadas a atividades humanas) e também no impacto combinado deles.
Pesca industrial predatória, poluição por fertilizantes químicos e pesticidas, presença de espécies invasivas, travessia de embarcações comerciais, águas acidificadas (efeito-colateral das mudanças climáticas) são alguns dos estressores ambientais observados na pesquisa.
Os pesquisadores consideram que uma área é "intocada", o que chamam de "deserto marinho", quando o impacto individual ou combinado dos estressores é inferior a 10%.
Essas áreas marinhas selvagens encontram-se principalmente em alto mar e apenas 5% delas estão dentro das áreas de proteção marinha existentes.
Diante desse cenário, os pesquisadores exortam os governos a adotarem uma postura mais proativa de proteção da natureza marinha, que deve ser incorporada nas estratégias globais destinadas a conservar a biodiversidade e os processos ecológicos.
"A vida selvagem marinha é negligenciada em estratégias de conservação globais e nacionais, pois essas áreas são frequentemente consideradas livres de processos ameaçadores e, portanto, não são uma prioridade para os esforços de conservação", escrevem os pesquisadores em artigo publicado no site de divulgação científica The Conversation.
"Nossos resultados mostram que isso é um mito, áreas selvagens no oceano e em terra estão sendo rapidamente perdidas, e proteger o que resta é crucial", defendem. Uma das regiões de preocupação, segundo eles, é o Ártico, que antes era considerado intocado, mas que "provavelmente verá novos canais de navegação, pescarias e operações de mineração enquanto o gelo marinho desaparece".