Vacina: segundo a Sinopharm, proteção pode ficar pronta até o fim de 2020 (Anton Vaganov/Reuters)
Tamires Vitorio
Publicado em 23 de julho de 2020 às 09h24.
Última atualização em 23 de julho de 2020 às 09h39.
Para o Grupo Farmacêutico Nacional da China (Sinopharm), uma vacina contra o novo coronavírus pode ficar pronta para o uso público até o final deste ano, segundo a mídia estatal chinesa. Inicialmente, as expectativas eram de que ela ficaria pronta somente em 2021.
Recentemente a vacina da Sinopharm entrou na fase 3 de testes clínicos, com cerca de 15 mil voluntários e duas variações da vacina. Os testes estão acontecendo nos Emirados Árabes Unidos, país que tem 57.988 infectados pela covid-19, segundo o monitoramento em tempo real da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.
A previsão anterior, de que a vacina ficaria pronta somente em 2021, se dava pelo fato de que "havia poucas pessoas infectadas na China", o que tornou difícil testá-la, segundo o China National Biotec Group (CNBG), braço da Sinopharm responsável pelos dois projetos de vacina.
O presidente da Sinopharm, Liu Jingzhen, disse à emissora estatal CCTV que "a empresa espera finalizar os testes em estágio avançado em humanos em até três meses".
Nesta semana, outra vacina chinesa desenvolvida pela Sinovac Biotech começou a fazer os testes em fase 3 no Brasil, por meio de um estudo liderado pelo Instituto Butantan. A vacina desenvolvida pela CanSino Biologics, também chinesa, apresentou bons resultados nas fases 1e 2 de testes em um estudo divulgado na segunda-feira e foi capaz de induzir uma resposta imune nos voluntários que a tomaram.
Para uma vacina ou medicação ser aprovada e distribuída, ela precisa passar por três fases de testes. A fase 1 é a inicial, quando as empresas tentam comprovar a segurança de seus medicamentos em seres humanos; a segunda é a fase que tenta estabelecer que a vacina ou o remédio produz, sim, imunidade contra um vírus, já a fase 3 é a última fase do estudo e tenta demonstrar a eficácia da droga. Uma vacina é finalmente disponibilizada para a população quando essa fase é finalizada e a proteção recebe um registro sanitário. Por fim, na fase 4, a vacina ou o remédio é disponibilizado para a população.
As outras que também estão na na fase três de testes são as versões da americana Moderna e a da chinesa Sinovac, que também será testada no Brasil.
Para a OMS, a vacina britânica é a opção mais avançada no mundo em termos de testagem.
Na última semana, a reitora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Soraia Smaili, em entrevista à GloboNews, afirmou que a vacina de Oxford pode ser distribuída no Brasil em junho de 2021, assim que o registro emergencial dela for aprovado.
A AstraZeneca e Oxford testarão sua vacina em mais de 50.000 pessoas no mundo todo. No Brasil, serão 5.000 voluntários testados em São Paulo, na Bahia e no Rio de Janeiro.
Em junho, o governo brasileiro anunciou uma parceria com Oxford para a produção de 100 milhões de doses quando a aprovação acontecer.
Antes a previsão da empresa anglo-sueca era que a vacina ficaria pronta já neste ano.
Nunca antes foi feito um esforço tão grande para a produção de uma vacina em um prazo tão curto — algumas empresas prometem que até o final do ano ou no máximo no início de 2021 já serão capazes de entregá-la para os países. A vacina do Ebola, considerada uma das mais rápidas em termos de produção, demorou cinco anos para ficar pronta e foi aprovada para uso nos Estados Unidos, por exemplo, somente no ano passado.
Uma pesquisa aponta que as chances de prováveis candidatas para uma vacina dar certo é de 6 a cada 100 e a produção pode levar até 10,7 anos. Para a covid-19, as farmacêuticas e companhias em geral estão literalmente correndo atrás de uma solução rápida.
Apesar do avanço significativo e promissor das vacinas de Oxford, da Pfizer e da CanSino, ainda resta uma etapa importante e crucial para que seja declarado o fim da pandemia. Além do problema da produção e da distribuição de tais vacinas, elas ainda precisam se mostrar eficazes para gerar uma resposta imunológica protetora contra a infecção do novo coronavírus no corpo humano.
Nenhum medicamento ou vacina contra a covid-19 foi aprovado até o momento para uso regular, de modo que todos os tratamentos são considerados experimentais.
*Com informações da Reuters