Ciência

Segundo especialistas italianos, 'não é raro' achar o vírus da varíola do macaco no sêmen

Essa descoberta demonstra que a presença do vírus no sêmen não é rara nem aleatória

Foi constatado um aumento dos casos de varíola do macaco desde o começo de maio na Europa, (Europa Press/Getty Images)

Foi constatado um aumento dos casos de varíola do macaco desde o começo de maio na Europa, (Europa Press/Getty Images)

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AFP

Publicado em 30 de junho de 2022 às 13h16.

A presença do vírus da varíola do macaco no sêmen "não é raro nem aleatório", segundo um estudo realizado por pesquisadores italianos. A equipe foi a primeira a detectá-lo no sêmen durante um estudo preliminar. 

De acordo com Francesco Vaia, diretor do hospital Spallanzani de Roma, instituição especializada em doenças infecciosas, os resultados de um estudo preliminar divulgado no dia 2 de junho apontaram que o DNA do vírus era detectado no sêmen de três homens, a cada quatro que acometidos da doença.

"Essa descoberta demonstra que a presença do vírus no sêmen não é rara nem aleatória", garantiu Vaia à AFP, referindo-se ao estudo, que ainda não foi publicado oficialmente.

Foi constatado um aumento dos casos de varíola do macaco desde o começo de maio na Europa. Nos países da África central e ocidental a doença é endêmica há muito tempo.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reportou mais de 3.400 casos confirmados e uma morte em cerca de 50 países onde a doença não é endêmica.

A grande maioria dos casos foi detectada em homens jovens que tiveram relações sexuais com outros homens, segundo a OMS.

"Não consideramos (esse vírus) como uma infecção sexualmente transmissível", enfatizou na semana passada Meg Doherty, diretora dos programas globais da OMS sobre o HIV (vírus da aids), hepatite e as DSTs (doenças sexualmente transmissíveis).

Os especialistas italianos estão tentando determinar quanto tempo o vírus permanece no sêmen depois do surgimento dos primeiros sintomas da doença.

Em um paciente, o DNA do vírus foi detectado três semanas depois do início dos sintomas, incluindo mesmo depois do desaparecimento das lesões.

Vaia diz ter visto este fenômeno no passado, em infecções virais como o zika.

Os pesquisadores também estudam as secreções vaginais para detectar a possível presença do vírus.

Observaram em um primeiro momento, através do cultivo do vírus em laboratório, que estava "presente no sêmen como um vírus contagioso e capaz de se reproduzir", segundo Vaia.

Uma pergunta importante segue sem resposta: Pode a vacina contra a varíola proteger contra a varíola do macaco?

"Para estudar isso, temos que analisar as pessoas vacinadas há 40 anos, antes da erradicação da varíola", respondeu o diretor.

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