Marte: foguete United Launch Alliance Atlas V 401 leva no interior um veículo robótico que será o encarregado de explorar o núcleo de Marte (ESO/M. Kornmesser/Reprodução)
AFP
Publicado em 28 de dezembro de 2019 às 09h48.
O rover planetário Mars 2020, que será lançado no próximo ano, buscará sinais de vida e também abrirá o caminho para para futuras missões tripuladas à Marte, informaram nesta sexta-feira cientistas da Nasa ao apresentar o veículo.
Do tamanho aproximado de um automóvel, o rover foi montado em um salão esterilizado no Jet Propulsion Laboratory, em Pasadena, Califórnia, onde na semana passada se testou, com sucesso, seu sistema de direção.
Nesta sexta, a agência espacial mostrou a Mars 2020 a um grupo de jornalistas.
Segundo o cronograma, o veículo deixará a Terra em julho de 2020, após ser lançado de Cabo Cañaveral, na Flórida, e chegará a Marte em sete meses, em fevereiro de 2021, se tornando o quinto rover a pousar na superfície marciana.
"Está desenhado para procurar sinais de vida e leva uma série de diferentes instrumentos, que nos ajudarão a entender os contextos geológico e químico na superfície", disse à AFP Matt Wallace, subdiretor da missão.
A sonda carrega 23 câmeras, dois "ouvidos" que permitirão escutar o vento marciano, e lasers que serão utilizados para análises químicas.
O rover possui ainda braços articulados de quase dois metros e uma broca capaz de perfurar e abrir pedras em pontos que os pesquisadores identificam como potencialmente aptos para a vida.
O veículo é abastecido por pequeno reator nuclear.
Como seu antecessor, o Curiosity, o rover tem seis rodas, três de cada lado, o que lhe permite andar sobre terreno rochoso.
A velocidade não é um prioridade para este veículo, que deverá cobrir apenas 180 metros por "sol", ou dia marciano, que dura cerca de 40 minutos a mais que o dia terrestre.
"O que estamos procurando é uma antiga vida microbiana. Estamos falando de bilhões de anos em Marte, quando o planeta era muito mais parecido com a Terra", disse Wallace.
Nesta época corria água pela superfície de Marte, sua atmosfera era mais densa e havia um campo magnético, com o planeta sendo mais propenso a abrigar o tipo de vida unicelular que evoluiu na Terra no mesmo período.
As amostras recolhidas pelo Mars 2020 serão conservadas em tubos que o próprio veículo selará hermeticamente e permanecerão na superfície do planeta até que uma futura missão possa levá-los à Terra.
A missão está prevista para 2026 e ficará encarregada de recolher os tubos e colocá-los em um foguete que ficará orbitando Marte até se encontrar com outra sonda, que finalmente trará o material à Terra.
Tudo deve ocorrer em "uma década ou algo parecido".
Para maximizar as possibilidades de se encontrar sinais de vida passada, o rover realizará seu pouso em Marte em um delta chamado Jezero.
O local, escolhido após anos de debate científico, é uma cratera que tem menos de 50 km de diâmetro e que em algum ponto foi um lago de 450 metros de profundidade, que se conectava com uma rede de rios que fluíam há entre 3,5 e 3,9 bilhões de anos.
Os especialistas têm a esperança de encontrar antigas moléculas orgânicas.
A missão visa ainda um objetivo mais ambicioso: uma viagem tripulada à Marte.
"Penso sobre ela, na realidade, como a precursora de uma missão com humanos para Marte", disse Wallace.
O equipamento da Mars 2020 "nos permitirá criar oxigênio" que algum dia poderá ser usado por humanos para respirar ou como combustível para a "viagem de retorno".
O rover permanecerá ativo por ao menos um ano marciano, que dura aproximadamente dois anos terrestres.