Academia: estudo aponta que risco de pegar covid-19 aumenta no local (Asanka Ratnayake/Getty Images)
Tamires Vitorio
Publicado em 12 de novembro de 2020 às 08h42.
Última atualização em 16 de novembro de 2020 às 14h10.
Um estudo realizado pelas universidades de Stanford e de Northwestern aponta que o risco de contrair o novo coronavírus é maior em hotéis, academias e restaurantes. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram os dados dos smartphones de mais de 98 milhões de pessoas a fim de conseguir criar um modelo que indicasse em quais locais as pessoas correm mais risco de infecção.
Os pesquisadores observaram, principalmente, dados de localizações dos indivíduos estudados, quanto tempo eles passaram nos hóteis, restaurantes e academias, quantas outras pessoas estavam no mesmo local e em quais vizinhanças os estabelecimentos estavam localizados.
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O estudo previu que em Chicago, por exemplo, se os restaurantes fossem abertos e voltassem a sua capacidade máxima de ocupação, eles iam gerar mais de 600.000 novas infecções --- três vezes mais do que em outras categorias. Cerca de 10% das localizações examinadas foram responsáveis por 85% das infecções previstas. Na hipótese de os locais terem sua ocupação reduzida em 20%, as novas infecções previstas caem mais de 80%.
A ideia dos pesquisadores não é a de que um lockdown precisa ser adotado para evitar o vírus. Segundo eles, máscaras, distanciamento social e capacidade reduzidas nos estabelecimentos em questão podem manter a covid-19 sob controle e evitar novos contágios.
A EXAME entrou em contato com a ACAD Brasil que afirmou que "o cenário é o oposto do experimentado aqui no Brasil, onde o uso de máscaras é obrigatório em todas as academias do país". "As conclusões do estudo sugerem que uma limitação da capacidade nos locais apontados como maiores focos seria mais eficaz do que um lockdown amplo. Ou seja, o próprio estudo sugere que ao invés de fechar os estabelecimentos, o ideal seria limitar o número de pessoas dentro deles: exatamente o que as academias brasileiras estão fazendo, deste que iniciada a fase reabertura", explicou.
Já a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) afirmou que "o setor de bares e restaurantes vem adotando uma série de protocolos baseados nas recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Entre as principais regras está o uso de máscara, tanto pelos clientes quanto pelos funcionários desses estabelecimentos". "No Brasil, a realidade vivenciada é muito distinta da apresentada por esse estudo norte-americano. Diferente dos Estados Unidos, onde muitos restaurantes são fechados, com uso de ar condicionado ou sistema de aquecimento, por aqui os restaurantes utilizam espaços abertos, arejados, com mesas nas calçadas", disse.
Em julho deste ano, a Associação Médica do Texas, nos Estados Unidos, criou uma cartilha para definir quais são os lugares mais perigosos em termos de infecção pelo SARS-CoV-2.
Além de shows lotados (um local até óbvio de contágio pela covid-19), bares, cultos religiosos com mais de 500 pessoas e academias também representam um alto risco para as pessoas. Ir ao shopping, por exemplo, é uma atividade que tem um risco médio de contágio. Já outras tarefas do dia a dia, como receber encomendas, fazer caminhadas ou corridas e abastecer o tanque do carro apresentam riscos menores.