Ciência

Remédio para diabetes pode reduzir em 22% o risco de demência, aponta estudo

Ainda conforme os dados obtidos pelo estudo, o tiazolidinediona diminuiu em 11% o risco de desenvolvimento de Alzheimer e em 57% a incidência de demência vascular

A demência é uma enfermidade neurodegenerativa progressiva que afetou 55 milhões de pessoas em todo o mundo em 2015 (Arquivo/Agência Brasil)

A demência é uma enfermidade neurodegenerativa progressiva que afetou 55 milhões de pessoas em todo o mundo em 2015 (Arquivo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de outubro de 2022 às 17h02.

Última atualização em 14 de outubro de 2022 às 17h18.

Estudo publicado na revista científica americana BMJ Open Diabetes Research & Care nesta semana revela que alguns medicamentos contra a diabetes podem reduzir em até 22% o risco de demência em pacientes.

Segundo os pesquisadores, as descobertas ajudam a planejar melhor a seleção de medicamentos para pacientes com diabetes tipo 2 e com alto risco de demência, quadro clínico que afeta as funções cerebrais.

A demência é uma enfermidade neurodegenerativa progressiva que afetou 55 milhões de pessoas em todo o mundo em 2015 e aumenta em quase 10 milhões de casos por ano.

O diabetes tipo 2 está associado a um risco elevado de demência por todas as causas, incluindo seus dois subtipos principais, Alzheimer e demência vascular.

Os cientistas compararam o risco de aparecimento de demência em pacientes com diabetes tipo 2, a partir dos 60 anos, tratados com três classes de medicamentos: sulfonilureia (SU), tiazolidinediona (TZD) e metformina (MET).

Segundo eles, os resultados trazem contribuição significativa à literatura sobre os efeitos de medicamentos contra diabetes e para a demência. Trabalhos científicos anteriores tiveram conclusões inconsistentes.

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Para a seleção de participantes da pesquisa, foram utilizados registros médicos eletrônicos do Sistema de Saúde para Assuntos de Veteranos dos Estados Unidos entre 1º de janeiro de 2001 e 31 de dezembro de 2017 envolvendo 559.106 pessoas com diabetes tipo 2.

Os participantes foram submetidos ao tratamento pelo período de pelo menos um ano. Após este período, o grupo que tomou tiazolidinediona teve um risco 22% menor de ter qualquer tipo de demência em comparação aos participantes que usaram apenas metformina.

Ainda conforme os dados obtidos pelo estudo, o tiazolidinediona diminuiu em 11% o risco de desenvolvimento de Alzheimer e em 57% a incidência de demência vascular. O estudo aponta ainda que as doenças vasculares aumentam o risco de Alzheimer. Portanto, o uso de tiazolidinediona parece oferecer riscos menores de demência vascular, auxiliando de forma preventiva no desenvolvimento da doença.

Combinado com metformina, o tiazolidinediona reduziu em 11% o risco de demência por qualquer causa. Por outro lado, o uso isolado de sulfonilureia aumentou esse risco em 12%. Ou seja, conforme o estudo, a suplementação de SU com MET ou TZD pode minimizar os potenciais efeitos protetivos dos outros dois medicamentos contra a demência.

Ainda segundo a pesquisa, os efeitos protetores do uso de tiazolidinediona em pacientes com diabetes tipo 2 foram mais significativos em pacientes com menos de 75 anos e em pessoas com sobrepeso ou obesas.

O estudo é considerado de caráter observacional. Isso porque faltam detalhes como, por exemplo, sobre a função renal ou informações de genes de risco dos participantes no banco de dados. No entanto, acreditam os pesquisadores, estudos futuros podem redirecionar agentes antidiabéticos orais para a prevenção de demência e podem considerar priorizar o uso de tiazolidinediona.

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