Remdesivir: droga aprovada pela Anvisa e em uso em diferentes países foi desaconselhada pela OMS (Bloomberg/Bloomberg)
Thiago Lavado
Publicado em 12 de março de 2021 às 16h49.
Última atualização em 12 de março de 2021 às 16h52.
O medicamento Remdesivir, da farmacêutica Gilead, teve registro aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nesta sexta-feira, 12, para tratamento contra a covid-19.
O antiviral é alvo de intenso interesse com a possibilidade de ser utilizado no tratamento contra a covid-19 desde o início da pandemia. Inicialmente, a medicação foi concebida para tratar outras doenças virais, como hepatite C, Ebola e RSV (vírus que, assim como o Sars-CoV-2, causa doenças respiratórias).
Um estudo de janeiro deste ano, um dos mais recentes sobre o Remdesivir, apontou que a medicação ajuda a impedir o coronavírus de se reproduzir no corpo, inibindo algumas características do vírus. Os autores afirmam que a propriedade é conseguida diante de uma dose alta do medicamento. "Atualmente, é um regime de 5 dias tomando bastante Remdesivir", disse Kenneth Johnson, co-autor da pesquisa.
A droga, usada desde novembro de maneira emergencial nos Estados Unidos, já foi desaconselhada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A decisão do órgão global aconteceu após uma publicação no jornal de medicina britânico BMJ, no ano passado, apontando que o medicamento não ajudava a minimizar mortes ou o agravamento da doença.
Os especialistas destacaram no BMJ "a possibilidade de efeitos colaterais importantes", bem como o custo "relativamente significativo e suas implicações logísticas", já que o remédio deve ser administrado de forma intravenosa.
O estudo, patrocinado pela OMS, analisou dados de mais de 11.000 pessoas em 30 países. Por causa disso, as diversas análises levadas em consideração têm bases de dados diferentes, que muitas vezes são difíceis de comparar e medir, afirmaram especialistas ao jornal americano The New York Times, em novembro.
O medicamento ganhou escopo no início da pandemia de covid-19 após um estudo preliminar divulgado em maio, patrocinado pelo governo americano, apontar que a droga reduzia o tempo de internação de 15 para 11 dias.
Publicado na íntegra em outubro, o estudo apontou que o Remdesivir foi eficaz em reduzir o tempo de recuperação e internação de adultos, se comparado aos placebos e "mostrava evidência de menor infecção do trato respiratório".
A Anvisa afirmou que optou pela liberação do remédio, até o momento o único que tem em sua bula indicação contra a covid-19, com base em "qualidade, segurança e eficácia".
A Gilead, fabricante do Remdesivir, afirma que "o medicamento traz benefícios significativos como a redução de morte pela covid-19, diminuição da necessidade de ventilação mecânica e do tempo de internação entre cinco e sete dias".