Saúde: profissionais da área podem ter anticorpos mais duradouros (Amanda Perobelli/Reuters)
AFP
Publicado em 14 de janeiro de 2021 às 08h15.
Última atualização em 15 de janeiro de 2021 às 12h38.
Uma pesquisa realizada pela agência de saúde pública Public Health England apontou que a maioria dos profissionais de saúde na linha de frente na luta contra o novo coronavírus estão protegidos contra uma nova infecção por ao menos cinco meses – embora alguns ainda possam transmitir o vírus.
Segundo os pesquisadores, 44 indivíduos foram reinfectados pela covid-19 em um total de 6.614 pessoas que, em testes, apresentaram anticorpos suficientes para uma proteção contra a doença por pelo menos cinco meses – de junho a novembro de 2020. Isso quer dizer que existe uma proteção de ao menos 83% em relação aos trabalhadores que não foram expostos ao vírus. O estudo é preliminar e ainda não passou pela revisão de pares.
Apesar disso, os pesquisadores britânicos alertam que alguns participantes, mesmo com um nível alto de anticorpos em seu organismo, continuam a disseminar o vírus para outras pessoas. "Agora sabemos que grande parte das pessoas que tiveram o vírus e geraram anticorpos estão protegidas contra reinfecção, mas essa proteção não é completa e ainda não sabemos quanto tempo dura. E, o mais importante, acreditamos que as pessoas podem continuar a transmitir o vírus", resume a autora principal do estudo, Susan Hopkins.
Para chegar a essa conclusão foram analisados cerca de 20.800 profissionais de saúde, incluindo funcionários do hospital na linha de frente do atendimento de pacientes com covid-19, convidados a fazer diagnósticos regulares para verificar se ainda eram portadores do vírus ou se geraram anticorpos – um sinal de uma infecção mais antiga.
O estudo sugere que as taxas de proteção conferidas por uma infecção natural "são comparáveis às das vacinas covid-19", disse Julian Tang, professor honorário de virologia da Universidade de Leicester.
Em dezembro, um artigo publicado no New England Journal of Medicine concluiu que praticamente todos os profissionais de saúde tinham anticorpos e estavam protegidos por pelo menos seis meses.
Essas investigações deveriam "reduzir a ansiedade de muitos profissionais de saúde preocupados com a ideia de contrair a covid-19 duas vezes", acrescenta Julian Tang.