Ciência

Praia lotada? Entenda quais são os riscos de pegar covid-19

Frequentar a areia das praias está proibido no Rio desde março, mas a fiscalização da Prefeitura não tem sido capaz de conter o fluxo de pessoas

Praia do Flamengo na zona sul do Rio de Janeiro, em 06/09/2020  (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Praia do Flamengo na zona sul do Rio de Janeiro, em 06/09/2020 (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 12 de setembro de 2020 às 19h06.

Última atualização em 14 de setembro de 2020 às 13h24.

Como de costume, nem parece inverno no Brasil.

Com temperaturas acima de 30º celsius, muitos braisleiros não pensaram duas vezes e foram à praia neste sábado, 12, no Rio de Janeiro e no litoral de São Paulo. O movimento tem sido observado há algum tempo, mesmo com o país ainda em plena pandemia do coronavírus. Pelo fato de a praia ser ambiente aberto, é comum que se pense que as chances de contrair a doença são pequenas. Mas não é bem assim.

Esse raciocínio foi o maior responsável pelo aumento dos novos casos na Europa, segundo o médico Jorge Elias Kalil Filho, diretor do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração, em São Paulo. "Apesar de estarem ao ar livre, pessoas doentes tossem, espirram etc", diz.

O médico explica que o distanciamento de um metro e meio entre os grupos de banhistas até ajuda a barrar as contaminações, mas essa dinâmica teria de ser respeitada também na entrada e na saída do local, o que é pouco provável que aconteça: "Ao ar livre, a dispersão do vírus é rápida, o problema é a aglomeração". A transmissão do vírus pode ocorrer também no compartilhamento de guarda-sóis e cadeiras espreguiçadeiras.

Frequentar a areia das praias está proibido no Rio desde março, mas a fiscalização da Prefeitura não tem sido capaz de conter o fluxo de pessoas. Nesta semana, o prefeito Marelo Crivella chegou a dizer que reabrir os estádios poderia ser uma estratégia para reduzir a aglomeração nas praias.

Na capital paulista, alguns bairros também tiveram aumento no número de casos, provavelmente pela falta de cuidados, diz ele. Nesta sexta-feira, o prefeito da capital paulista falou com preocupação do recente aumento de infeccções nas regiões mais ricas da cidade num ritmo superior do observado em regiões periféricas.

"Ha muitos jovens fazendo festas em casa. Parece que muitos esqueceram que tem de evitar aglomerações", diz Kalil.

A circulação do novo coronavírus voltou a crescer nas regiões mais ricas da cidade de São Paulo num ritmo que supera o contágio registrado na periferia. A constatação é do inquérito sorológico que a prefeitura paulistana apresentará na próxima semana. Preocupado com o resultado, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, antecipou o dado nesta sexta-feira (11) durante entrevista coletiva.

Covas falou em um aumento de cerca de 56% do número de pessoas infectadas pelo novo coronavírus nas classes A e B em comparação ao inquérito sorológico realizado em agosto com a população adulta.

 

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