Dormir: entenda os motivos que levam aos nossos sonhos e pesadelos (iStock/Thinkstock)
Agência de notícias
Publicado em 22 de maio de 2023 às 17h20.
Desde a infância até a idade adulta, os sonhos são uma experiência constante na vida do ser humano. Mas, apesar de serem tão comuns, ainda há muito mistério e especulação sobre como ocorrem. Eles são como um portal para o mundo do inconsciente, em que emoções, desejos, medos e memórias se manifestam de forma inexplicável, rompendo a barreira entre o real e o imaginável.
O psicólogo e professor de psicanálise Ronaldo Coelho, da capital paulista, explica que o aparecimento dos sonhos tem relação com a formação da consciência. Segundo ele, os sonhos iniciam na mesma fase que a consciência.
“É quando começamos a ter pensamentos próprios dentro da nossa cabeça e a ter lembranças de algo que aconteceu durante o dia, à noite ou antes de acordar. Esse processo de maturação acontece entre os 3 e 4 anos de idade”, explica.
Este é o momento em que as crianças lembram dos sonhos; passam a ter o registro de que algo ocorreu durante a noite e contam aos pais ou às pessoas próximas. São os adultos, contudo, que compreendem que a criança está falando de um sonho e nomeiam dessa forma para ela, emprestando-lhe esse sentido.
Freud, o pai da psicanálise, já dizia no início do século passado, e hoje isso foi comprovado pela neurociência, que sonhamos todas as noites, mas nem sempre conseguimos lembrar. Para tanto, é necessário que um segundo processo se dê.
“Esse processo, que Freud nomeou de formação ou elaboração secundária do sonho, é o que possibilita lembrar do sonho e conseguir contá-lo a alguém. O sonho não existe por completo antes desse processo”, explica Ronaldo Coelho.
Todos os sonhos são formados por uma junção do que aconteceu no dia, das coisas significativas que estão acontecendo na vida da pessoa, e ocorrem como realização de desejos ou elaboração de conflitos.
“Se a pessoa está passando por uma situação difícil em sua vida, é possível que tenha um sonho bom, em que seus problemas não existem e todas as coisas estão resolvidas, de modo a realizar esse desejo“, afirma o professor de psicanálise.
“Do mesmo modo, pode-se produzir um pesadelo que passe a ter mais a característica de elaboração de conflitos importantes, um modo de lidar com a angústia que vai por outro caminho, o de fazer com que a pessoa se prepare para o que está por vir, por exemplo. Cada uma das formas de sonhar diz muito da organização psíquica e do universo mental de cada paciente”. Por esse motivo, o psicanalista esclarece que o sonho é, ainda hoje, muito importante para o processo psicanalítico.
Por Mayra Barreto Cinel
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