Trânsito: a poluição sonora afetaria o funcionamento dos sistemas nervoso e hormonal (Claudio Edinger)
AFP
Publicado em 25 de outubro de 2016 às 14h44.
A exposição de longo prazo à poluição do ar aumenta de forma crescente o risco de hipertensão arterial, de acordo com um estudo divulgado nesta terça-feira feito com mais de 41.000 moradores de cidades europeias.
A poluição sonora constante - especialmente do trânsito - também aumenta a probabilidade de hipertensão, disseram pesquisadores na revista médica European Heart Journal.
A hipertensão arterial é o principal fator de risco para doenças e mortes prematuras.
O estudo revelou que um adulto a mais por grupo de 100 pessoas desenvolveu hipertensão arterial nas partes mais poluídas das cidades em comparação com os bairros de ar mais puro.
O risco é semelhante ao de estar clinicamente acima do peso com um índice de massa corporal (IMC) de 25-30, disseram os pesquisadores.
Para realizar o estudo, 33 especialistas liderados por Barbara Hoffmann, professora na Universidade Heinrich Heine de Dusseldorf, na Alemanha, monitorou 41.071 pessoas na Noruega, Suécia, Dinamarca, Alemanha e Espanha por cinco a nove anos.
Ao mesmo tempo, os pesquisadores examinaram anualmente a qualidade do ar em cada localidade durante três períodos de duas semanas entre 2008 e 2011, medindo as diferentes quantidades de material particulado.
Cada incremento de cinco microgramas - ou milionésimos de um grama - da menor dessas partículas aumentou em 20% o risco de hipertensão para as pessoas que vivem nas áreas mais poluídas, em comparação com os que moram nos locais menos poluídos.
Nenhum dos participantes tinha hipertensão quando ingressou no estudo, mas durante o período de acompanhamento, 6.207 pessoas (15%) relataram ter desenvolvido a doença ou que começaram a tomar medicamentos para baixar a pressão arterial.
Em relação à poluição sonora, os pesquisadores descobriram que as pessoas que vivem em ruas movimentadas com tráfego noturno barulhento tinham, em média, um risco 6% maior de desenvolver hipertensão em comparação moradores de áreas onde os níveis de ruído eram pelo menos 20% mais baixos.
"Nossos resultados mostram que a exposição a longo prazo à poluição ambiental particulada está associada a uma maior incidência de hipertensão auto-declarada", disse Hoffmann em um comunicado.
Mesmo quando o barulho foi excluído, o impacto da poluição do ar sobre a pressão arterial permaneceu, acrescentou.
"A legislação atual não protege a população europeia adequadamente contra os efeitos nocivos da poluição do ar", concluíram os pesquisadores.
Os níveis de poluição eram maiores na Espanha e na Alemanha do que nos países nórdicos, observou Hoffmann.
Acredita-se que a poluição do ar afete o coração e os vasos sanguíneos ao causar inflamação, um acúmulo de radicais livres - conhecido como estresse oxidativo -, e um desequilíbrio no sistema nervoso.
Já a poluição sonora afetaria o funcionamento dos sistemas nervoso e hormonal, segundo os cientistas.