Ceres: superfície tem depósitos de sal deixados por oceano salgado subterrâneo (NASA/Divulgação)
Lucas Agrela
Publicado em 13 de agosto de 2020 às 06h01.
A sonda Dawn, da Nasa, a agência espacial americana, coletou dados que indicam a existência de um oceano salgado abaixo da superfície do planeta-anão chamado Ceres, que fica entre os planetas Marte e Júpiter.
Novas pesquisas científicas divulgadas nesta semana indicam que o sal encontrado na superfície de Ceres foi deixado por um reservatório de água subterrâneo. Cientistas indicam que o astro pode ter abrigado vida no passado porque reúne algumas características favoráveis, como a presença de água, minerais que oferecem ingredientes para gerar formas de vida conhecidas e uma temperatura mais quente do que a atual no passado. A atividade geológica recente também seria um indicador da possível vida alienígena em Ceres.
A sonda da Nasa esteve em Ceres por três anos até ficar sem combustível em 2018. No entanto, ela coletou um grande volume de dados sobre o astro que ainda é estudado até hoje por pesquisadores.
Pontos brilhantes da superfície do planeta-anão eram compostos por oxigênio, sódio e carbono. O sal teria, provavelmente, teria vindo de líquido que evaporou da superfície. Os pesquisadores descobriram nesta semana que o sal veio de um reservatório líquido subterrâneo de 40 quilômetros de profundidade e centenas de quilômetros de largura. A lua de Júpiter chamada Europa e lua de Saturno Enceladus também possuem oceanos subterrâneos.
Maria Cristina De Sanctis, do Istituto Nazionale di Astrofisica de Roma, afirmou à AFP que há sinais claros de que Ceres costumava ter água salgada. “Agora podemos dizer que Ceres é uma espécie de mundo oceânico, assim como algumas das luas de Saturno e Júpiter”, disse ela à AFP.
Os autores disseram que suas descobertas mostraram que tais processos de congelamento de água “se estendem além da Terra e Marte, e têm estado ativos em Ceres no passado geologicamente recente”.
Os depósitos de sal no planeta se formaram nos últimos 2 milhões de anos, o que é pouco tempo para a astronomia, no contexto da existência do universo. No entanto, para efetivamente saber se o astro abrigou ou não vida, ainda são necessários mais estudos.