Centro de pesquisa da Pfizer: meta inicial para testes envolvia 30 mil pessoas (Chris Ratcliffe/Bloomberg)
Tamires Vitorio
Publicado em 12 de setembro de 2020 às 12h52.
Última atualização em 14 de setembro de 2020 às 13h25.
A Pfizer e a companhia alemã BioNTech fizeram uma proposta à Food and Drug Administration (FDA), espécie de Anvisa americana, para aumentar o número de voluntários na última fase de testes de sua vacina contra o novo coronavírus para 44 mil participantes, em vez dos 30 mil iniciais. As empresas afirmam que a primeira meta deve ser batida já na próxima semana.
O aumento no número de participantes, segundo a agência de notícias Reuters, permitira a inscrição de voluntários a partir de 16 anos e pessoas com doenças como HIV, hepatite C e hepatite B. "Como afirmado anteriormente, com base nas taxas de infecção atuais, as empresas continuam a esperar que uma leitura conclusiva sobre a eficácia seja provável no final de outubro", acrescentaram em um comunicado conjunto.
Na última semana, a Pfizer afirmou que os resultados dos estudos sobre sua vacina devem sair já em outubro.
A vacina da Pfizer, que tem como base o RNA mensageiro, tem como objetivo produzir as proteínas antivirais no corpo do indivíduo. Com a injeção, o conteúdo é capaz de informar as células do corpo humano sobre como produzir as proteínas capazes de lutar contra o coronavírus.
A última fase de testes da proteção ainda está acontecendo e já foi realizada com 23.000 voluntários com idades entre 18 e 85 anos. Desse total, 1.000 serão testados no Brasil, com voluntários na Bahia e em São Paulo. Os demais participantes estão distribuídos em 39 estados dos Estados Unidos, e também na Argentina e na Alemanha.
A Pfizer espera produzir até 100 milhões de doses até o fim do ano. Outras 1,3 bilhão de doses podem ser fabricadas no ano que vem. Em julho o governo americano se comprometeu a pagar 2 bilhões de dólares pelas doses da vacina da Pfizer, caso sua eficácia seja comprovada.
Nunca antes foi feito um esforço tão grande para a produção de uma vacina em um prazo tão curto — algumas empresas prometem que até o final do ano ou no máximo no início de 2021 já serão capazes de entregá-la para os países. A vacina do Ebola, considerada uma das mais rápidas em termos de produção, demorou cinco anos para ficar pronta e foi aprovada para uso nos Estados Unidos, por exemplo, somente no ano passado.
Uma pesquisa aponta que as chances de prováveis candidatas para uma vacina dar certo é de 6 a cada 100 e a produção pode levar até 10,7 anos. Para a covid-19, as farmacêuticas e companhias em geral estão literalmente correndo atrás de uma solução rápida.
Para uma vacina ou medicação ser aprovada e distribuída, ela precisa passar por três fases de testes. A fase 1 é a inicial, quando as empresas tentam comprovar a segurança de seus medicamentos em seres humanos; a segunda é a fase que tenta estabelecer que a vacina ou o remédio produz, sim, imunidade contra um vírus, já a fase 3 é a última fase do estudo e tenta demonstrar a eficácia da droga.
Uma vacina é finalmente disponibilizada para a população quando essa fase é finalizada e a proteção recebe um registro sanitário. Por fim, na fase 4, a vacina ou o remédio é disponibilizado para a população.
Com isso, as medidas de proteção, como o uso de máscaras, e o distanciamento social ainda precisam ser mantidas. A verdadeira comemoração sobre a criação de uma vacina deve ficar para o futuro, quando soubermos que a imunidade protetora realmente é desenvolvida após a aplicação de uma vacina. Até o momento, nenhuma situação do tipo aconteceu.