Zika: o cientista disse que o governo já está em discussões com companhias farmacêuticas que irão compartilhar os custos do estágio final de testes e lidar com a fabricação (Marvin Recinos/AFP)
Reuters
Publicado em 31 de março de 2017 às 20h21.
Chicago - Pesquisadores começaram a segunda fase de testes de uma vacina contra o Zika, desenvolvida por cientistas do governo dos Estados Unidos, em um experimento que pode produzir resultados preliminares já no final de 2017.
O Dr. Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (Niaid), disse nesta sexta-feira que o experimento de 100 milhões de dólares já foi financiado e irá seguir adiante, independentemente dos 7 bilhões de dólares em cortes no orçamento dos Institutos Nacionais da Saúde dos EUA (NIH) propostos pelo governo do presidente dos EUA, Donald Trump, durante os próximos 18 meses.
Em entrevista coletiva a repórteres, Fauci não comentou sobre as propostas de cortes de gastos porque ainda não é certo qual será o orçamento real.
O diretor dos NIH, Dr. Francis Collins, deve conversar com Trump posteriormente nesta sexta-feira. "Irei com certeza conversar com Francis Collins quando ele voltar da Casa Branca", disse Fauci.
O Zika tipicamente causa sintomas leves, mas quando o vírus infecta uma mulher grávida, ela pode passa-lo ao feto, causando uma variedade de más-formações congênitas, incluindo microcefalia, no qual a cabeça do bebê nasce menor do que o normal.
Fauci disse que a atual candidata à vacina contra o Zika passou por barreiras preliminares de segurança e agora irá entrar em testes de eficácia, que irão ocorrer em duas fases.
A primeira fase irá continuar testando a segurança e avaliando a habilidade da vacina de estimular o sistema imunológico para desenvolvimento de anticorpos na luta contra o Zika. Ela também irá testar diferentes dosagens, para ver qual funciona melhor.
A segunda fase, marcada para começar em junho, irá tentar determinar se a vacina pode realmente prevenir a infecção do Zika.
Diversas companhias estão desenvolvendo vacinas contra o Zika, incluindo a Sanofi SA, GlaxoSmithKline Plc e Takeda Pharmaceuticals.
No estudo do Niaid, pesquisadores buscam alistar ao menos 2.490 voluntários saudáveis em áreas com transmissões ativas possíveis ou confirmadas do Zika por mosquitos.
Isso inclui partes continentais dos Estados Unidos, Porto Rico, Brasil, Peru, Costa Rica, Panamá e México. Eles irão receber a vacina ou um placebo e serão monitorados por dois anos.
Caso pessoas suficientes sejam expostas ao vírus, Fauci disse que podem receber um sinal de eficácia tão cedo quanto o fim deste ano.
Os testes são esperados para serem finalizados em 2019.
Fauci disse que o governo já está em discussões com companhias farmacêuticas que irão compartilhar os custos do estágio final de testes e lidar com a fabricação.
O Zika é primariamente transmitido por mosquitos, mas também pode ser transmitido sexualmente.
De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, 5.182 pessoas em áreas continentais dos EUA foram infectadas pelo Zika localmente ou em viagens a áreas onde o vírus se espalha. Outros 38.303 casos foram relatados em territórios norte-americanos, incluindo Porto Rico.