Ciência

Pesquisa estuda relação entre covid-19 e antidepressivos

O estudo foi feito com dois grupos de participantes, sendo que um deles recebeu o medicamento e outro recebeu um placebo

Coronavírus: medicamento antidepressivo é estudado como tratamento para a covid-19 (Andriy Onufriyenko/Getty Images)

Coronavírus: medicamento antidepressivo é estudado como tratamento para a covid-19 (Andriy Onufriyenko/Getty Images)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 28 de outubro de 2021 às 10h09.

Última atualização em 28 de outubro de 2021 às 16h27.

Uma pesquisa feita por um time multinacional de cientistas estuda a relação entre a covid-19 e medicamentos antidepressivos. Publicada no periódico científico The Lancet Global Health, a pesquisa traz uma análise sobre a fluvoxamina como um tratamento para redução de sintomas para a doença. Vale notar que os resultados não são conclusivos, nem são reconhecidos pela Organização Mundial da Saúde até o momento.

O estudo foi feito com dois grupos de participantes, sendo que um deles recebeu o medicamento e outro recebeu um placebo.

Segundo os resultados do ensaio, dos 741 pacientes tratados em um cenário de emergência para covid-19 após receberem fluvoxamina, 79 precisaram de tratamento médico por mais de seis horas ou foram hospitalizados. Esse número foi mais alto no grupo que recebeu o placebo. Foram 119 dos 756 participantes do segundo grupo.

Até o momento, esse é o maior ensaio da fluvoxamina como tratamento para a covid-19. O fármaco é usado como antidepressivo e contra o transtorno obsessivo-compulsivo. Apesar dos achados do novo estudo, ele ainda não deve ser utilizado como tratamento para a covid-19, ao menos, até que autoridades de saúde, como a OMS ou entidades nacionais, o recomendem.

“Nossos resultados são consistentes com testes anteriores menores. Dada a segurança, tolerabilidade, facilidade de uso, baixo custo e ampla disponibilidade da fluvoxamina, esses achados podem ter uma influência importante nas diretrizes nacionais e internacionais sobre o manejo clínico de covid-19”, afirma Gilmar Reis, baseado em Belo Horizonte, um dos principais pesquisadores envolvidos no estudo.

Apesar de ser a maior do seu tipo, a pesquisa não é conclusiva, mas soma-se ao corpo de estudos a respeito de potenciais tratamentos para a covid-19. O estudo tem limitações como a falta de análise a respeito do uso do medicamento de forma intercambiável e os riscos ou benefícios do uso do remédio junto a outros tratamentos.

Os pesquisadores também alertam que o uso de medicamentos para prevenir sintomas graves da doença é “criticamente dependente da identificação confiável de indivíduos com maior risco de deterioração nos estágios iniciais da infecção por covid-19”.

“Apesar das descobertas importantes do ensaio Together, algumas questões relacionadas à eficácia e segurança da fluvoxamina para pacientes com covid -19 permanecem abertos. A resposta definitiva sobre os efeitos da fluvoxamina em desfechos individuais, como mortalidade e hospitalizações, ainda precisa ser abordada. Resta determinar se a fluvoxamina tem um efeito aditivo a outras terapias, como anticorpos monoclonais e budesonida, e qual é o esquema terapêutico ideal da fluvoxamina. Finalmente, ainda não está claro se os resultados do ensaio Together se estendem a outras populações de pacientes ambulatoriais com covid-19, incluindo aqueles sem fatores de risco para progressão da doença”, diz, em nota no estudo, Otavio Berwanger, pesquisador da Organização de Pesquisa Acadêmica do Hospital Israelita Albert Einstein.

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