Coronavírus: alterações no olfato geralmente ocorrem ao mesmo tempo que os outros sintomas da doença (Justin Paget/Reuters)
AFP
Publicado em 2 de abril de 2020 às 10h21.
Última atualização em 3 de abril de 2020 às 08h19.
A perda de olfato e/ou paladar são sintomas comuns em pessoas com a COVID-19 na Europa, de acordo com um estudo coordenado por dois médicos otorrinolaringologistas vinculados à Universidade de Mons (Bélgica).
Este estudo realizado em 417 pacientes infectados (263 mulheres e 154 homens) com o novo coronavírus, mas de maneira "não grave", mostra que 86% apresentam problemas com o olfato (a maioria não sente mais nada) e que 88% têm distúrbios do paladar.
Os distúrbios olfativos geralmente ocorrem ao mesmo tempo que os sintomas gerais (tosse, dor muscular, perda de apetite, febre) e os sintomas otorrinolaringológicos (dor facial, nariz entupido) da doença.
Às vezes, porém, a perda do olfato, ou do paladar, ocorre após esses outros sintomas (em 23% dos casos), ou antes (em 12% dos casos).
Sem explicação aparente, as mulheres são mais propensas à anosmia (perda de olfato) do que os homens.
O estudo indica que quase metade dos indivíduos (44%) recupera o olfato em um período bastante curto de 15 dias.
"Os outros pacientes devem manter a esperança" de recuperar o olfato "dentro de 12 meses", sendo a recuperação nervosa "um processo lento", de acordo com o comunicado de imprensa publicado pela Universidade de Mons (Umons).
A recuperação do paladar é um processo mais "aleatório", que pode acontecer antes, ao mesmo tempo, ou após a recuperação do olfato.
Os dois especialistas que coordenaram o estudo, Jérôme Lechien e Sven Saussez, recomendam considerar o aparecimento da anosmia e disgeusia (perda parcial, ou total, do paladar) em pacientes sem histórico otorrinolaringológico como "um sintoma específico de infecção por COVID-19".
Como medida de precaução, essas pessoas "devem ser consideradas potencialmente infectadas pela COVID-19 e, portanto, isoladas por um período mínimo de sete dias", mesmo que não desenvolvam nenhum dos outros sintomas característicos da doença.
Uma nova pesquisa foi lançada por esses especialistas para verificar se pessoas com anosmia/disgeusia isoladas foram afetadas pelo vírus e para entender melhor os mecanismos de perda de paladar e olfato nessa infecção.
Em Paris, o dr. Alain Corré, otorrinolaringologista do Hospital-Fundação Rothschild, também recomenda considerar pessoas anosmáticas como portadoras da SARS-CoV-2, depois de observar com um colega que 90% desses pacientes eram positivos para o teste da COVID-19.
A pesquisa pública da Umons está disponível neste link.
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