Ciência

Peixe 'diabo-negro': animal é visto pela primeira vez na superfície à luz do dia; veja vídeo

ONG registra momento raro em que um rape abissal adulto foi encontrado a dois quilômetros da costa espanhola

Publicado em 9 de fevereiro de 2025 às 11h00.

Última atualização em 9 de fevereiro de 2025 às 11h01.

Um avistamento raro surpreendeu pesquisadores da ONG Condrik Tenerife, especializada na conservação de tubarões e raias nas Ilhas Canárias.

No dia 26 de janeiro, a equipe registrou em vídeo um diabo negro, também conhecido como rape abissal (Melanocetus johnsonii), nadando próximo à superfície a plena luz do dia, a cerca de dois quilômetros da costa de Tenerife.

Esse comportamento é extremamente incomum para a espécie, que normalmente habita regiões entre 200 e 2.000 metros de profundidade.

O encontro ocorreu durante uma expedição de pesquisa sobre tubarões pelágicos, quando os cientistas avistaram a silhueta escura do peixe.

"No retorno ao porto, percebemos algo negro na água que não parecia plástico nem outro material comum. Parecia estranho, então passamos cerca de duas horas observando", explicou a bióloga marinha Laia Valor à agência EFE.

Um predador das profundezas nos mares rasos

O diabo negro é um dos mais enigmáticos habitantes do fundo do oceano. Ele se destaca por sua aparência assustadora e pelo uso de um apêndice dorsal bioluminescente para atrair presas, mecanismo semelhante ao mostrado no filme Procurando Nemo.

Até o momento, apenas larvas ou exemplares mortos haviam sido encontrados tão próximos da superfície.

Após perceberem que o animal não sobreviveria, os pesquisadores o recolheram e o transportaram para o Museu de Natureza e Arqueologia (MUNA), em Santa Cruz de Tenerife, para estudos detalhados.

Possíveis explicações para o fenômeno

No X, antigo Twitter, o biólogo Pedro Henrique Tunes, explicou que o peixe muito provavelmente estava doente para "ter subido tanto assim". "Também é legal mencionar que isso é uma fêmea de Melanocetus johnsonii: os machos não são bioluminescentes", explicou.

Ainda segundo Tunes, ninguém sabe ao certo o motivo de os peixes abissais subirem à superfície quando estão doentes. "Muito provavelmente eles ficam desorientados, o que faz com que desçam (esses a gente não vê) ou subam", continuou.

Value, por sua vez, afirmou que a fêmea de peixe abissal morreu e que "o exemplar foi coletado como amostra em um recipiente com água e, em seguida, transferido para o Museu de Natureza e Arqueologia (MUNA), em Santa Cruz de Tenerife".

"Não temos uma explicação definitiva, mas isso não é típico. Trata-se de um avistamento extremamente raro e passageiro. Embora não possamos afirmar que tais ocorrências nunca acontecem, se fossem mais frequentes, haveria mais registros. No entanto, acreditamos que esta pode ser a primeira vez que um registro desse tipo é feito", acrescentou.

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