Coronavírus: pandemia faz com que doações de órgãos diminuam (Lucas Ninno/Getty Images)
Maria Eduarda Cury
Publicado em 13 de maio de 2020 às 05h55.
Última atualização em 13 de maio de 2020 às 07h50.
Um novo estudo, realizado por pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, aponta que a pandemia está afetando a doação de órgãos e procedimentos de transplantes em alguns países, como a França e os EUA.
Segundo a pesquisa, os países em questão relataram uma queda de 91% e 50% nas doações e procedimentos de transplantes, respectivamente. As análises foram realizadas desde o início de abril e em comparação com os primeiros meses do ano, quando a quarentena ainda não havia sido implantada de forma total em todos os locais.
Peter Reese, coautor do estudo e professor de Medicina e Epidemiologia da Universidade, comentou em nota que a descoberta é importante para começar a entender os efeitos resultantes da pandemia. "Os órgãos de doadores falecidos representam uma oportunidade por tempo limitado, pois devem ser adquiridos e usados rapidamente", afirma.
No entanto, para proteger a segurança de seus pacientes, os centros devem agora examinar cuidadosamente todos os doadores para garantir que haja um risco mínimo de covid-19", disse Reese.
Segundo os pesquisadores, o declínio das doações e transplantes tem uma ligação com a redução dos transplantes de rim, coração e pulmão. A pandemia é a principal responsável pela redução da doação de órgãos, visto que os centros de transplante não podem usar órgãos de falecidos que foram expostos ou mostram evidências de infecção pelo SARS-CoV-2.
Dessa forma, os centros de transplantes não estão conseguindo cumprir os desejos de falecidos que se inscreveram para doadores de órgãos. A pesquisa indica que, nos Estados Unidos, o número de órgãos doados de março até abril reduziu de 110 para 60 por dia, representando uma redução de mais da metade.
Além disso, o país também registrou uma redução de transplantes de rim no mesmo período, passando de 65 ao dia para 35 ao dia. Já na França, a queda geral de transplantes foi de 91%, o que também é um resultado das medidas generalizadas para reduzir a atividade clínica no país inteiro.
Os pesquisadores ressaltaram que essas descobertas iniciais serão úteis para desenvolver práticas melhores e eficientes para continuar com os transplantes de órgãos mesmo durante a quarentena.