Ciência

Paciente com covid-19 pode infectar mais de 100 pessoas em um só lugar

Em eventos de super propagação do vírus, a transmissão do vírus Sars-CoV-2 pode aumentar de forma exponencial

 (Fernanda Luz/AGIF/Agência de Fotografia/Estadão Conteúdo)

(Fernanda Luz/AGIF/Agência de Fotografia/Estadão Conteúdo)

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Rodrigo Loureiro

Publicado em 3 de novembro de 2020 às 16h23.

Última atualização em 3 de novembro de 2020 às 18h49.

Um estudo realizado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos, quer medir para quantas pessoas um único paciente infectado com covid-19 pode transmitir o vírus dependendo do local em que ele se encontra. Ao que os primeiros resultados apontam, o vírus pode ser transmitido para dezenas de pessoas reunidas em apenas um lugar.

A pesquisa avaliou o efeito de eventos considerados de “super propagação” do vírus. Ou seja, que reúnem uma grande quantidade de pessoas próximas umas das outras. A experiência não mostra quais eventos seriam esses, mas é possível considerar ambientes fechados com pessoas próximas umas das outras ou até mesmo locais abertos, mas com uma grande concentração de pessoas.

Em média, os pesquisadores apontam que uma única pessoa doente pode passar o vírus Sars-CoV-2 para outras seis pessoas. Contudo, este número pode aumentar de acordo com as condições epidemiológicas. Em um modelo matemático usando estatísticas de outros vírus semelhantes, os cientistas descobriram que uma única pessoa pode infectar mais de 100 pessoas.

(EXAME Academy/Exame)

Para chegar à conclusão de que que existem ocasiões em que há uma super propagação do vírus para mais de seis pessoas, os pesquisadores observaram 60 eventos selecionados, sendo 45 do vírus Sars-CoV-2 (do novo coronavírus) e outros 15 do Sars-CoV-1 (do surto de 2003). Na maioria destes, entre 10 e 55 pessoas foram infectadas a partir de um hospedeiro. Em dois eventos, mais de 100 pessoas contraíram a doença a partir de um único doente.

“Mesmo que esses eventos de super propagação sejam extremos, eles são prováveis e, portanto, provavelmente estão ocorrendo em uma frequência mais alta do que pensávamos”, afirmou James Collins, professor do MIT e autor do estudo. “Se pudermos controlar esses eventos, temos uma chance muito maior de colocar essa pandemia sob controle.”

Collins explica que o número de reprodução básico do vírus, ou seja, quantas pessoas são infectadas através de um hospedeiro, é de cerca de três. Em eventos normais, o número sobe para seis. Essa quantidade, porém, varia de pessoa para pessoa. Alguns pacientes podem transmitir o vírus mais facilmente para outros indivíduos. Em condições extremas, como mostra o estudo, o número salta exponencialmente.

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