Cratera Colônia, em São Paulo (Victor Velázquez Fernandez/ Jornal da USP/Reprodução)
Agência Brasil
Publicado em 24 de dezembro de 2021 às 12h27.
A menos de 40 quilômetros do ponto central da cidade de São Paulo, a “cratera de Colônia”, que está localizada no distrito de Parelheiros, na zona sul da cidade, foi gerada pela queda de um objeto extraterrestre, conforme indícios apontados no artigo científico Morphological aspects, textural features and chemical composition of spherules from the Colônia impact crater, São Paulo, Brazil. O estudo foi conduzido pelo geólogo Victor Velázquez Fernandez, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (USP).
A pesquisa é recente e mostrou evidências mais detalhadas sobre o que gerou a cratera de 3,6 quilômetros de diâmetro, cerca de 300 metros de profundidade e borda soerguida de 120 metros. O interior é atulhado por sedimentos e a borda coberta por vegetação. A estrutura permaneceu escondida até o início da década de 1960, quando fotos aéreas, e depois imagens de satélites, mostraram sua forma circular quase perfeita.
O impacto do corpo extraterrestre só foi confirmado, porém, em 2013, por meio de análise microscópica de sedimentos colhidos em diferentes níveis de profundidade. Esse estudo e outros realizados posteriormente foram conduzidos também por Velázquez Fernandez.
Um dos aspectos destacados pela pesquisa é que as esférulas (pequenas esferas), que variam entre 0,1 milímetro (mm) e 0,5 mm, foram encontradas dentro da cratera. Normalmente, os detritos são jogados para fora com a colisão de um objeto que cai dos céus.
Para os cientistas, a explicação é que a energia do impacto transformou as rochas existentes no local em uma nuvem densa e superaquecida. Esse material foi lançado para cima, congelou e voltou a cair na base da recém-formada cratera.
O artigo científico foi publicado em março deste ano e pode ser lido na revista Solid Earth Sciences.
Também assinam o trabalho os pesquisadores Celso B. Gomes, Marcos Mansueto, Leonardo A.S. de Moraes, José Maria A. Sobrinho, Rodrigo F. Lucena, Alethéa E. M. Sallun e William Sallun Filho.