Imagem das proteínas das espículas na superfície de células expostas à vacina, renderizada por um artista (University of Southampton/Reprodução)
Lucas Agrela
Publicado em 18 de maio de 2021 às 14h04.
Última atualização em 20 de maio de 2021 às 13h10.
A variante do novo coronavírus chamada B.1.617 teve seus primeiros relatos em outubro de 2020. O local apontado como possível origem da cepa é a Índia, país onde foram registrados cerca de 25 milhões de casos de covid-19 e cerca de 240.000 mortes pela doença infecciosa, segundo dados da Universidade Johns Hopkins. A variante teve o primeiro caso confirmado nesta quinta-feira (20) no Brasil.
A variante pode permitir que o coronavírus seja mais eficiente na capacidade de infectar seres humanos, uma característica de mutação inerente aos vírus. A cepa já foi identificada em mais de 40 países.
A prefeitura de São Paulo anunciou hoje o início de testes para analisar cepas. A variante B.1.617 foi identificada no domingo, 16, em um indiano de 54 anos, tripulante de um navio atracado no Maranhão, mas não há notícia de outros casos no Brasil. A medida da capital paulista, que tem leitos de UTI em 85%, é preventiva e o novo estudo sorológico será realizado junto com a USP e o Instituto Butantan.
A B.1.617 está ligada a outras duas variantes semelhantes que também se relacionam com um maior risco de transmissão entre pessoas. São elas as variantes chamadas B.1.617.2 e B.1.617.3, todas com local provável de origem na Índia. Como aconteceu com a China, a Índia também fez um pedido público ao mundo que não chame a variante de vírus indiano.
Dada a possibilidade de maior transmissibilidade, a Organização Mundial da Saúde indicou que a variante B.1.617 é motivo de preocupação global. Essa mutação do coronavírus, inclusive, preocupa autoridades do Reino Unido, que inciou uma reabertura e liberação do uso de máscaras nesta semana. Nos Estados Unidos, a CDC, centro de prevenção e controle de doenças infecciosas do governo, ainda espera mais evidências para tomar alguma medida em relação à nova cepa.
Embora ainda seja cedo para conclusões definitivas, o governo de Israel, país que já vacinou grande parte de sua população, diz que é "muito provável" que a vacina da Pfizer, feita junto à empresa alemã BioNTech, seja eficaz contra a B.1.617.
Apesar dos indícios de maior transmissibilidade da cepa, não há estudo que indique as vacinas atuais não sejam eficazes contra a variante B.1.617 ou suas ramificações, muito pelo contrário. Uma pesquisa publicada na revista científica Nature na segunda-feira indica que vacinas da Pfizer e da Moderna podem bloquear a ação nocisa da variante. O estudo, entretanto, ainda carece do processo de validação chamado de revisão de pares, quando pesquisadores especializados e independentes analisam o trabalho.