Sushi: o alimento é cada vez mais ingerido nos países ocidentais (Reprodução/Thinkstock)
Marina Demartini
Publicado em 14 de maio de 2017 às 08h00.
Última atualização em 14 de maio de 2017 às 08h00.
São Paulo – O sushi se tornou um alimento tão comum quanto o tradicional feijão e arroz no prato do brasileiro de classe média. Com a popularidade desse famoso quitute japonês, no entanto, também aumentaram os casos de infecções parasitárias, segundo um estudo publicado no British Medical Journal.
Um time de pesquisadores portugueses chegou a essa conclusão após diagnosticar um homem de 32 anos. O paciente chegou ao hospital reclamando de dores abdominais, febre e vômitos que duravam já havia uma semana. Após uma endoscopia, os médicos descobriram que larvas de um tipo de parasita do gênero Anisakis estavam dentro do estômago do homem.
Tal parasita pode provocar uma enfermidade chamada de anisaquíase em seres humanos – como aconteceu com o paciente de 32 anos. A doença é causada pela ingestão de peixes e frutos do mar crus ou malcozidos que contenham as larvas, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC). De acordo com o estudo, o homem revelou que havia ingerido sushi recentemente.
A única forma de tratamento da doença é a remoção do verme por endoscopia ou cirurgia. No caso do paciente, foi necessária apenas uma endoscopia. Os médicos contam no estudo que os sintomas foram imediatamente resolvidos após a extração do parasita.
Apesar de a anisaquíase ser mais comum no Japão, devido aos hábitos alimentares da população, os pesquisadores advertem que os casos da doença estão crescendo no ocidente. Segundo eles, o aumento no número de ocorrências está relacionado ao fato de que a comida japonesa está cada dia mais popular em países ocidentais.
Para provar sua tese, os médicos apontaram um estudo espanhol que relatou 25 casos de anisaquíase durante um período de três anos (1999-2002). Nessa pesquisa, todos os pacientes tinham uma dieta que continha anchovas cruas.
Outro estudo citado pelos pesquisadores colocou o sushi e as anchovas como principais causadores da enfermidade na Itália. A pesquisa italiana ainda sugere que os médicos suspeitem da doença caso os pacientes se queixem de fortes dores abdominais após ingerir peixe cru ou malcozido, pois "nenhum tratamento farmacológico eficaz é capaz de matar as larvas".
O Ministério da Saúde, do Trabalho e da Previdência Social do Japão emitiu nesta semana um alerta sobre o número crescente de infecções por Anisakis associadas à ingestão de peixe cru ou malcozido. De acordo com o Japan Times, o número de casos da doença aumentou de 79, em 2013, para 126 em 2016. No ano de 2004 foram relatados apenas quatro casos no país.
Porém, isso não significa que o consumidor deve parar de consumir sushi -- basta tomar algumas precauções. O governo japonês, por exemplo, incentiva as pessoas a manter o peixe congelado a temperaturas abaixo de -20°C por pelo menos um dia. Além disso, a instituição afirma que o peixe deve ser aquecido por, pelo menos, um minuto em temperaturas superiores a 60 graus – desse modo, as larvas do parasita são eliminadas.
As recomendações da Agência de Padrões Alimentares dos Estados Unidos (FSA) são similares às do ministério do Japão. Segundo a organização, peixes crus ou levemente cozidos devem ser congelados por quatro dias a uma temperatura de, pelo menos, -15°C.