Câncer: nova forma de diagnosticar câncer de próstata é descoberta por cientistas do Reino Unido (Pixabay/Reprodução)
Maria Eduarda Cury
Publicado em 30 de novembro de 2019 às 09h00.
Última atualização em 30 de novembro de 2019 às 10h00.
São Paulo - De acordo com um estudo realizado por cientistas da Universidade de East Anglia e profissionais do Hospital Universitário de Norfolk e Norwich, no Reino Unido, é possível utilizar amostras de urina coletadas em casa para diagnosticar o câncer de próstata e prever a necessidade do tratamento para cada indivíduo.
Para que homens não precisam entrar na clínica, ou realizar exames invasivos, a equipe médica e universitária das duas instituições desenvolveu um kit de coleta de urina caseiro para identificação do câncer de próstata - doença causada pela presença de uma pequena glândula, de tamanho parecido com o de uma noz, localizada logo abaixo da bexiga do organismo - a partir de biomarcadores.
O teste, que foi apelidado de PUR - Risco de Urina de Próstata, em tradução livre -, analisa as amostras de urina e fornece informações consideradas vitais para entender se o tumor é agressivo ou de baixo risco. Jeremy Clark, pesquisador principal, afirma que esse câncer é um dos mais comuns entre os homens do Reino Unido: Geralmente, se desenvolve lentamente e a maioria dos cânceres não exige tratamento durante a vida de um homem. No entanto, os médicos lutam prever quais tumores se tornarão agressivos, dificultando a decisão sobre o tratamento para muitos homens", afirma Clark em nota.
Tradicionalmente, os exames requisitados para identificar se um homem possui ou não câncer de próstata são o exame de sangue comum, ressonância magnética ou uma biópsia. O teste PUR é uma forma inovadora e não invasiva para identificar a doença. Para conseguir resultados mais precisos, os cientistas sugerem que o indivíduo realiza a coleta de urina durante a primeira micção do dia, quando os biomarcadores funcionam com mais eficácia por serem mais altos e consistentes.
Após o teste inicial, realizado por 14 participantes, os pesquisadores apontaram que os biomarcadores são bem mais precisos do que os resultados apresentados por exame retal. Clark informou, em nota, que o teste é um dos meios possíveis para alcançar a "vigilância ativa" na medicina, de forma que os pacientes podem ser monitorados constantemente, assim como o progresso da doença: "O uso do nosso teste em casa poderá revolucionar no futuro como os pacientes em 'vigilância ativa' são monitorados quanto à progressão da doença, com os homens apenas tendo que visitar a clínica para obter um resultado positivo na urina. Isso contrasta com a situação atual em que os homens são convocados para a clínica a cada seis a 12 meses para biópsias dolorosas e caras", relatou.
Robert Mills, cirurgião do Hospital Universitário, afirma que é uma maneira de diferenciar os pacientes que realmente precisam de atenção contínua dos que não precisam: "Quando diagnosticamos câncer de próstata, o exame de urina tem o potencial de diferenciar aqueles que precisam de tratamento daqueles que não precisam de tratamento, o que seria inestimável. Esses pacientes passam a um programa de vigilância ativo após o diagnóstico que pode envolver repetir biópsias e exames de ressonância magnética, o que é bastante intrusivo. Esse exame de urina tem o potencial de nos dizer se precisamos intervir com esses pacientes", disse Mills.