África do Sul: apesar de mais transmissível, a nova variante do coronavírus não causa maior número de hospitalizações (Waldo Swiegers/Bloomberg/Getty Images)
Filipe Serrano
Publicado em 7 de janeiro de 2021 às 16h02.
Última atualização em 7 de janeiro de 2021 às 16h17.
A nova cepa de coronavírus identificada na África do Sul parece ser mais transmissível do que variantes anteriores e acelerou o início de uma segunda onda de casos, de acordo com um membro de um painel de cientistas que assessora o ministro da Saúde do país.
No entanto, não há evidências de que levaria a casos mais graves ou a uma forma diferente da doença. E as taxas de hospitalização e mortalidade como proporção do número de infecções são menores do que durante a primeira onda em julho e agosto, disse Ian Sanne, médico de doenças infecciosas e que coordena a Right to Care, uma ONG que oferece tratamento a pessoas com HIV e doenças associadas.
“Vimos dados sobre cargas virais sendo maiores em pacientes que apresentam a variante”, disse em entrevista na quinta-feira. “A variante é mais transmissível, a segunda onda tem sido significativamente impactada.”
O surgimento da variante 501.V2 que, segundo Sanne, pode ter se originado em outro lugar antes de ser identificada na África do Sul no mês passado, causou uma disputa política entre o país e o Reino Unido, onde uma mutação semelhante acelera as taxas de infecção.
O secretário de Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, disse que a variante sul-africana é mais perigosa, levando o Reino Unido a suspender voos entre os dois países. O ministro da Saúde da África do Sul, Zweli Mkhize, classificou os comentários de Hancock como “infelizes” e sem base em evidências.
A variante predomina entre os casos nas províncias costeiras de KwaZulu-Natal e Cabo Oriental e, em menor medida, no Cabo Ocidental da África do Sul, disse Sanne.
Embora pessoas mais jovens pareçam desenvolver formas graves da doença, ainda não está claro se isso se deve à variante ou aos testes mais abrangentes e festas de fim de ano, disse.
Não há evidências de que as vacinas contra a covid-19 aprovadas sejam ineficazes contra a nova cepa. Até 30 de dezembro, a variante sul-africana havia sido detectada em quatro outros países. A variante do Reino Unido foi encontrada de forma mais ampla, com registros em 31 outros países, territórios e áreas ao redor do mundo.