Cena do filme "O Discurso do Rei": quanto menor a irrigação da região responsável pela fala, maior a gagueira (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 18 de janeiro de 2017 às 12h58.
Última atualização em 18 de janeiro de 2017 às 14h22.
Células-tronco, edição de material genético e até cirurgias robotizadas. A medicina do século 21 já fez milagres, mas ainda leva um 7×1 de uma disfunção bem mais comum: a disfemia, que todo mundo conhece como gagueira.
Em 2015, foram encontradas associações claras entre o distúrbio e mutações em um pequeno grupo de genes responsáveis pela fala. Mas ninguém sabia exatamente como ela se manifesta no cérebro.
Até agora. Uma equipe de cientistas liderados por Jay Desai, do Hospital Pediátrico de Los Angeles, nos Estados Unidos, usou uma máquina de ressonância magnética para ficar de olho na cabeça de 26 voluntários gagos.
Depois, comparou as medições com dados de 36 pessoas que falam normalmente. Conclusão? A Área de Broca, parte do cérebro que transforma seus pensamentos nos sons que saem da sua boca, recebe menos sangue nos gagos.
A relação, inclusive, foi proporcional: quanto menor a irrigação da região responsável pela fala, maior a gagueira.
Esse é o mais próximo que uma pesquisa já chegou de desvendar a origem do distúrbio, que afeta cerca de 1% da população. Há cerca de 2 milhões de gagos só no Brasil.
Ainda não se sabe o que exatamente impede o sangue de chegar aonde deve. Mas o avanço é notável: há duas décadas ainda se suspeitava que a origem da gagueira estava no trato vocal, e não no cérebro, suposição superada por técnicas mais modernas de neuroimagem.
Além disso, entender o que dá errado no cérebro de quem sofre do problema já é o suficiente para desenvolver um tratamento que aumente a irrigação da Área de Broca, atenuando o problema.
Este conteúdo foi originalmente publicado no site da Superinteressante.