Ciência

Nasa descobre base secreta dos Estados Unidos sob o gelo na Groenlândia

Missão da Nasa revela detalhes de uma base militar da Guerra Fria e seus riscos ambientais

Logo da NASA (Andrew Harrer/Bloomberg)

Logo da NASA (Andrew Harrer/Bloomberg)

Raphaela Seixas
Raphaela Seixas

Estagiária de jornalismo

Publicado em 4 de dezembro de 2024 às 14h28.

Última atualização em 4 de dezembro de 2024 às 14h34.

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Cientistas da Nasa fizeram uma descoberta surpreendente durante uma missão de mapeamento na Groenlândia: vestígios de uma "cidade secreta" construída pelos Estados Unidos durante a Guerra Fria, agora soterrada sob camadas de gelo.

A missão, realizada em abril deste ano, começou quando Chad Greene, especialista do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, captou imagens dos vastos campos de gelo enquanto um jato Gulfstream III sobrevoava a região. Durante o voo, o radar do avião detectou uma estrutura incomum a cerca de 30 metros abaixo da superfície.

O segredo por trás do Camp Century

A base, chamada de Camp Century, foi construída em 1959 pelo Corpo de Engenheiros do Exército dos EUA e apresentada como uma instalação de pesquisa. No entanto, sua verdadeira finalidade estava ligada ao Projeto Iceworm, um plano secreto para armazenar mísseis nucleares sob o gelo da Groenlândia para ser parte da estratégia defensiva contra a União Soviética. A estrutura tinha capacidade para abrigar até 2 mil posições de tiro e 600 mísseis "Iceman", que seria uma espécie de "revólver esculpido em gelo".

Os dados coletados pela Nasa revelaram detalhes impressionantes das estruturas enterradas, incluindo 21 túneis interconectados com quase 3 quilômetros de extensão, projetados para permitir o lançamento rápido dos mísseis em caso de conflito nuclear. Segundo o Washington Post, os mísseis tinham potencial para destruir 80% dos alvos dos EUA na União Soviética e no Leste Europeu.

Desafios e impactos ambientais

Apesar do alto custo do projeto — estimado em mais de US$ 25 bilhões (cerca de R$ 130 bilhões) — Camp Century foi desativada em 1967 devido aos desafios técnicos associados à construção sob camadas de gelo em constante movimento. Durante sua operação, os Estados Unidos apresentaram o projeto às autoridades dinamarquesas como um esforço científico, mantendo as intenções militares em segredo.

Além das implicações históricas e militares, a redescoberta da base levanta preocupações ambientais. Resíduos deixados na instalação, incluindo armas e combustíveis, podem representar riscos caso sejam expostos devido ao derretimento acelerado do gelo. O governo dos EUA reconheceu os riscos e manifestou disposição para colaborar com autoridades dinamarquesas e groenlandesas para resolver as questões de segurança.

Mudanças climáticas: um desafio global

Com as mudanças climáticas acelerando o derretimento das camadas de gelo, especialistas temem que materiais tóxicos possam emergir nas próximas décadas. A missão da Nasa, além de trazer à tona os segredos do passado militar dos EUA, destacou a importância de monitorar as camadas de gelo para compreender os impactos das mudanças climáticas globais.

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