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MP oferece denúncia contra médica do Hospital Evangélico

Uma médica acusada de apressar a morte de pacientes, assim como outros médicos, enfermeiras e uma fisioterapeuta, foram alvos de uma denúncia do órgão


	Segundo o Ministério Público, uma quadrilha se encarregava de matar pacientes no hospital
 (Marcos Santos/USP Imagens)

Segundo o Ministério Público, uma quadrilha se encarregava de matar pacientes no hospital (Marcos Santos/USP Imagens)

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Da Redação

Publicado em 11 de março de 2013 às 18h28.

São Paulo - O Ministério Público do Estado do Paraná protocolou, no início da tarde desta segunda-feira, denúncia contra a médica Virgínia Soares de Souza, presa desde o dia 19 de fevereiro. Ela foi acusada de apressar a morte de sete pacientes na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Evangélico de Curitiba, no Paraná, para liberar leitos.

A médica foi acusada por sete homicídios duplamente qualificados (motivo torpe e por uso de meios que dificultaram a defesa do paciente) e por formação de quadrilha.

Outras sete pessoas também foram denunciadas pelo MP: os médicos Anderson de Freitas (dois homicídios duplamente qualificados e formação de quadrilha), Edison Anselmo da Silva Junior e Maria Israela Cortez Boccato (um homicídio duplamente qualificado e formação de quadrilha); as enfermeiras Laís da Rosa Groff e Patrícia Cristina de Goveia Ribeiro (um homicídio duplamente qualificado e formação de quadrilha); e a fisioterapeuta Carmencita Emília Minozzo e o enfermeiro Claudinei Machado Nunes (formação de quadrilha).

"Do que foi possível levantar, chegamos à conclusão de que existia uma verdadeira quadrilha, no sentido de matar pacientes ali internados", informou à Agência Estado a promotora de Justiça Fernanda Nagl Garcez, uma das autoras da denúncia.

O MP entendeu que, seguindo as orientações de Virgínia, os médicos denunciados prescreviam medicamentos bloqueadores neuromusculares, empregados usualmente para otimização de ventilação artificial. Em seguida, os enfermeiros, "ou às vezes os próprios médicos denunciados", rebaixavam os parâmetros ventilatórios dos pacientes, que estavam dependentes de ventilação mecânica, causando morte por asfixia.

"O que conseguimos compreender é que essas pessoas receberam um medicamento (Pavulon), que é um bloqueador muscular necessário quando há paralisia dos músculos no pulmão, para os aparelhos (de ventilação mecânica) funcionarem", afirmou Fernanda.

Segundo a promotora, no entanto, a aplicação dos remédios requereria que a ventilação mecânica fosse intensificada, mas os denunciados procederiam diminuindo os padrões dos mesmos. "Em quase todos (os casos) não havia uma indicação terapêutica nos prontuários para que (o paciente) recebesse o Pavulon. Ele precisaria da otimização do respirador, mas os parâmetros eram reduzidos", continua a promotora.

Ela afirma que a acusação se baseia nos "prontuários comprovando a aplicação do Pavulon e em testemunhas que viram a redução dos respiradores." "Além da aplicação do Pavulon, há a interceptação telefônica da médica (Virgínia Soares), mandando o paciente 'ir embora'".

A reportagem tentou contato com o advogado de Virgínia Soares de Souza, Elias Mattar Assad, mas até as 17 horas desta segunda-feira ele não respondeu.

A defesa de Virgínia alega que as investigações contêm uma série de falhas. Para o advogado Elias Mattar, a principal delas é a falta de materialidade ao inquérito. "Não provaram o essencial: a existência de fato criminoso e sua materialidade", disse na quinta-feira (07), segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo.

No domingo (10), em entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo, Virgínia negou as acusações. "Nunca fui negligente. Nada mais fiz do que exercer, com respeito aos pacientes, a medicina extensiva", disse. Virgínia afirmou que as testemunhas que a delataram não conhecem a rotina médica e sugeriu que é vítima de vingança de funcionários que foram demitidos.

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