Ciência

Mounjaro supera Wegovy e Ozempic? Estudo diz que medicamento tem 47% mais eficácia na perda de peso

Medicamento foi aprovado pela Anvisa em 2023, mas chegada às farmácias do país está confirmada para 7 de junho

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 20 de março de 2025 às 16h52.

Tudo sobreRemédios
Saiba mais

A farmacêutica Eli Lilly vai lançar o medicamento Mounjaro, indicado para diabetes, no Brasil em 7 de junho. A informação foi confirmada pela empresa à EXAME nesta quarta-feira, 19.

Estudos da empresa compararam a perda de peso entre a tirzepatida, princípio ativo do Mounjaro e do Zepbound, e a semaglutida, presente no Ozempic e no Wegovy. Os resultados indicaram que a tirzepatida proporcionou uma redução de peso 47% maior. (Confira a íntegra da pesquisa realizada pela Eli Lilly)

Mounjaro, medicamento usado para perda de peso, tem data para chegar ao Brasil; veja preço

Medicamentos dessa categoria, conhecidos como análogos de GLP-1, ganharam popularidade globalmente devido à sua eficácia no tratamento da obesidade. A semaglutida, da Novo Nordisk, é a mais conhecida e está disponível como Ozempic para diabetes tipo 2 e como Wegovy, em doses maiores, para emagrecimento. Ambos possuem aprovação da Anvisa no Brasil.

A Eli Lilly entrou no mercado com a tirzepatida, que se diferencia por ser um duplo agonista, atuando tanto no GLP-1 quanto no GIP. Inicialmente lançada como Mounjaro para diabetes, a substância rapidamente passou a ser usada off-label para emagrecimento.

Em 2023, a farmacêutica obteve aprovação nos EUA para comercializá-la também contra a obesidade, sob o nome de Zepbound, embora sua formulação e dosagens sejam idênticas às do Mounjaro. Seu principal concorrente é o Wegovy.

Até então, estudos individuais indicavam que a tirzepatida promovia maior perda de peso, mas faltava uma comparação direta entre os medicamentos ao longo do tempo. Para isso, a Eli Lilly conduziu um teste clínico com 751 participantes nos EUA e em Porto Rico, todos com obesidade ou sobrepeso associado a condições como hipertensão, apneia do sono ou doenças cardiovasculares.

Os voluntários foram divididos em dois grupos: um recebeu a dose máxima tolerada da tirzepatida (10 mg ou 15 mg), e o outro, a maior dose da semaglutida (1,7 mg ou 2,4 mg). Após 72 semanas de acompanhamento, constatou-se que os pacientes que usaram Mounjaro perderam, em média, 20,2% do peso corporal, enquanto os tratados com Wegovy e Ozempic registraram uma redução de 13,7%. Ajustados os números, a eficácia da tirzepatida foi 47% superior.

Além disso, 31,6% dos participantes que usaram tirzepatida eliminaram ao menos 25% do peso, contra 16,1% daqueles que tomaram semaglutida. Em relação aos efeitos colaterais, a Eli Lilly afirma que ambos os medicamentos apresentaram reações gastrointestinais como náuseas, vômitos e diarreia, em geral de intensidade leve a moderada.

Como funcionam esses medicamentos?

Tanto a tirzepatida quanto a semaglutida imitam a ação do hormônio GLP-1, presente em diversas partes do corpo. No pâncreas, ele estimula a produção de insulina, beneficiando pacientes com diabetes. No estômago, desacelera a digestão, enquanto no cérebro ativa a sensação de saciedade, reduzindo o consumo calórico e levando à perda de peso.

A principal diferença entre as duas substâncias é que a semaglutida age exclusivamente no GLP-1, enquanto a tirzepatida também estimula o GIP, potencializando os efeitos metabólicos. Pesquisas já testam uma nova geração de medicamentos ainda mais potentes, os chamados triplo agonistas. A retatrutida, outra aposta da Eli Lilly, adiciona a ação sobre o hormônio GCC, demonstrando resultados promissores no tratamento da obesidade.

Quanto o Mounjaro vai custar no Brasil?

À EXAME, a empresa informou que o preço máximo ao consumidor será de R$ 3.627,82 por caneta com seis doses, suficiente para um mês de tratamento. No entanto, esse valor pode variar conforme a prática do mercado.

Aprovado pela Anvisa em 2023 para o tratamento do diabetes tipo 2, o Mounjaro ainda não está disponível nas farmácias brasileiras.

Atualmente, o medicamento só pode ser adquirido no Brasil via importação. A Anvisa permite a compra de até seis caixas, contendo 24 canetas no total, para um tratamento de seis meses. O custo estimado dessa importação fica entre R$ 40 mil e R$ 55 mil.

Acompanhe tudo sobre:RemédiosEmagrecimentoSaúdeIndústria farmacêutica

Mais de Ciência

China avança em tecnologia espacial com robô projetado para minerar no espaço

Lua feita de lava? Cientistas se aproximam de resolver mistério sobre o lado oculto do satélite

Perda de gelo nos alpes Suíços: imagem de satélite revela a mudança nas geleiras ao longo do tempo

Raro Eclipse Sola acontece ao fim de março; saiba data, horário e como observar