Covid-19: mais de 90% da população adulta de SP já tomou ao menos uma dose (Paul Hennessy/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)
Laura Pancini
Publicado em 14 de agosto de 2021 às 08h00.
Desde que a pandemia do coronavírus teve início em Wuhan, milhares de notícias falsas e exageros foram divulgadas sobre a doença e suas vacinas.
No Brasil, a campanha de vacinação avança pelo país e traz um sentimento de otimismo para a população. Nesta semana, tivemos a menor média diária de casos desde novembro de 2020 e, pela primeira vez desde outubro de 2020, a ocupação de leitos de UTI no SUS está abaixo de 80% em todos os Estados.
70% da população adulta já tomou ao menos uma dose e 22% estão completamente imunizados no país. Já em São Paulo, por exemplo, mais de 90% dos paulistanos acima de 18 anos já receberam ao menos uma dose, faltando ainda a vacinação dos grupos de 21 a 18 anos, que deve acontecer a partir de amanhã, 14.
Mesmo com o avanço da campanha de vacinação, muitas teorias permanecem na boca do povo e trazem preocupação sobre o futuro (e eventual fim) da pandemia. Entenda os principais mitos e o porquê estão errados:
Estar assintomático pode parecer seguro, mas não é. Um estudo publicado no periódico científico The Lancet indica que quem não tem sintomas é menos infeccioso do que alguém com, mas ainda pode ter cargas virais altas e, consequentemente, transmitir o vírus.
O problema está justamente em não ter sintomas, já que as pessoas assintomáticas têm muita mais probabilidade de sair de casa. De acordo com o jornal The Guardian, um estudo publicado no periódico médico Jama Network estima que pessoas sem qualquer sintoma são responsáveis por mais da metade das novas infecções.
Seguindo a mesma lógica das pessoas assintomáticas, quem está imune ainda pode carregar o vírus e passar para outros. Apesar de não comuns, existem casos de vacinados que apresentaram sintomas da doença posteriormente — um exemplo bastante raro é o do ator Tarcísio Meira, que faleceu esta semana mesmo após ter tomado duas doses da vacina.
Dados do estudo Imperial REACT sugerem que as vacinas têm eficácia de 50% e 60% somente na prevenção da infecção (independentemente de você apresentar sintomas ou não).
Casos raros como o de Meira não são indicativos da eficácia dos imunizantes, e sim da alta circulação do vírus na região devido ao atraso na vacinação e a movimentação das pessoas. A combinação leva a criação de novas variantes mais resistentes à vacina.
É a mesma lógica da gripe: a vacinação ajuda a prevenir a infecção e a transmissão, mas não é certo presumir que não irá nunca ficar doente ou infectar outras pessoas.
Mesmo com a doença oferecendo uma proteção razoável contra a reinfecção, nada é tão eficaz quanto a proteção dos imunizantes. Não só ela dura mais, como também protege contra novas variantes (mesmo que de forma variada).
É preciso considerar que as novas cepas são mais fortes e infecciosas, porque o vírus faz mutações em busca de formas de sobreviver. Portanto, as chances de reinfecção são mais altas — por isso a vacina é tão importante. A mesma lógica vai para aqueles que dizem que não precisam da vacina por terem "bom sistema imunológico".
Os Estados Unidos, por exemplo, agora passam por uma "pandemia dos não vacinados", como apelidou o presidente Joe Biden, já que eles representam 99% dos casos de covid-19 no país, que aumentaram por conta da presença da variante Delta.