Ciência

Mexer no celular do parceiro pode ser indício do fim do relacionamento

Pesquisa revela diferentes visões sobre bisbilhotar o celular alheio

Invasão de privacidade: pesquisa revela o que indivíduos em uma relação pensam sobre (Getty Images/Reprodução)

Invasão de privacidade: pesquisa revela o que indivíduos em uma relação pensam sobre (Getty Images/Reprodução)

ME

Maria Eduarda Cury

Publicado em 2 de junho de 2019 às 05h55.

Última atualização em 2 de junho de 2019 às 05h55.

São Paulo - Querendo entender como a ação de bisbilhotar o celular alheio afeta indivíduos e relacionamentos, um grupo de pesquisadores da Universidade de Lisboa e da Universidade da Colúmbia Britânica - ambas em Portugal -, realizaram uma pesquisa com 102 pessoas para entender o que essa ação representa para eles.

Os participantes do estudo foram convidados a relembrarem alguma situação onde um outro alguém já mexeu em seu smartphone sem permissão, ou quando já tiveram o seu aparelho bisbilhotado. Uma descrição dos eventos anteriores que levaram à isso também foi perguntada, e como o relacionamento ficou após isso.

Dentre os 46 participantes que responderam sobre a situação do relacionamento após o acesso sem consentimento do celular do parceiro, 21 informaram que cortaram contato e 25 relataram que a relação sobreviveu ao incidente.

Ivan Beschastnikh, autor do estudo e professor de ciência da computação da UBC, disse que o sentimento de traição de confiança foi um dos principais motivos relatados para o término dos relacionamentos. "Nos casos em que o relacionamento terminou, foi porque o proprietário do telefone sentiu que sua confiança foi traída ou o relacionamento também estava passando por dificuldades. Outro motivo principal foi que a relação não era tão forte ou importante para começar, como foi o caso de dois amigos de trabalho, onde um roubou informações valiosas de contato do celular do outro", informou, em comunicado, Beschastnikh, 

Nos casos em que não houve um rompimento, a vítima sentiu que a amizade/namoro era importante o suficiente para que esse acontecimento fosse deixado para trás. “Nesses casos, a vítima justificou a espionagem, considerando-a como um sinal de que eles deveriam tranquilizar seu parceiro romântico sobre seu compromisso com o relacionamento. Eles acabaram desculpando o comportamento e, em alguns casos, continuaram a dar à outra pessoa acesso ao telefone", disse Beschastnikh. 

Além disso, os participantes que invadiram a privacidade do amigo/namorado demonstraram possuir motivações divergentes para isto. Alguns justificaram o ato por terem ciúmes e um desejo de controle do relacionamento. Já outros explicaram que foi para pregar uma peça ou utilizar a informação roubada para propósitos egoístas, como questões financeiras ou descobrir segredos.

As pessoas entrevistadas eram nativas da Europa e do norte da América, e 60% eram mulheres. O estudo, ainda que pequeno, é o primeiro a apresentar informações detalhadas sobre esse tema, envolvendo os indivíduos diretamente afetados.

O estudo, chamado “Vulnerabilidade e Culpa: Justificando o Acesso Não Autorizado a Smartphones”, foi apresentado no começo deste mês na Conferência de Fatores Humanos em Sistemas Computacionais da editora ACM

Acompanhe tudo sobre:CelularesPrivacidade

Mais de Ciência

Inovação da USP pode substituir o cacau em chocolate e reduzir impactos ambientais

Anticoncepcional masculino pode chegar ao mercado até 2028 após testes promissores

Sonda soviética, lançada em 1972, deve cair na Terra em maio após 53 anos em órbita

Maior telescópio solar do mundo revela imagem inédita e ultradetalhada do Sol; veja foto