Ciência

Meteoro 200 vezes maior que o dos dinossauros ajudou a vida na Terra, diz estudo

O tsunami causado pela rocha espacial teria misturado nutrientes, criando um ambiente ideal para micróbios

Rochas se evaporaram e esse vapor de poeira teria circulado o planeta, tornando o céu preto em poucas horas (Thinkstock)

Rochas se evaporaram e esse vapor de poeira teria circulado o planeta, tornando o céu preto em poucas horas (Thinkstock)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 22 de outubro de 2024 às 13h13.

Última atualização em 22 de outubro de 2024 às 13h15.

O meteoro que atingiu a Terra há 66 milhões de anos e causou uma calamidade global (incluindo o fim dos dinossauros e muitas outras formas de vida) não foi o maior que o nosso planeta conheceu.

Segundo reportagem da Reuters, novos estudos apontam para uma rocha espacial que caiu por aqui há 3,26 bilhões de anos, desencadeando destruição mundial em uma escala ainda maior. Mas, como novas pesquisas mostram, esse desastre pode ter sido benéfico para a evolução inicial da vida, servindo como "uma bomba gigante de fertilizante" para as bactérias e outros organismos unicelulares chamados arqueias, fornecendo acesso a nutrientes como fósforo e ferro. Esse meteoro seria 200 vezes maior que aquele que dizimou os dinossauros do planeta.

Os pesquisadores avaliaram os efeitos desse impacto usando evidências de rochas antigas em uma região no nordeste da África do Sul. Eles encontraram sinais - principalmente da assinatura geoquímica de material orgânico preservado, mas também de bactérias marinhas - de que a vida se recuperou com desenvoltura.

"A vida não só se recuperou rapidamente quando as condições voltaram ao normal em poucos anos ou décadas, como também prosperou", disse a geóloga da Universidade de Harvard Nadja Drabon, autora principal do estudo, à Reuters.

Naquela época, a Terra era um lugar muito diferente do que é hoje. Não havia oxigênio na atmosfera e nos oceanos, por exemplo.

Meteoro gigante

O meteoro do novo estudo tinha um diâmetro de 37-58 km, cerca de 50-200 vezes a massa do asteroide que exterminou os dinossauros. Os impactos teriam sido rápidos e devastadores. Rochas se evaporaram e esse vapor de poeira teria circulado o planeta, tornando o céu preto em poucas horas, de acordo com o estudo.

"O impacto provavelmente ocorreu no oceano, iniciando um tsunami que varreu o globo, rasgando o fundo do mar e inundando as costas. Por fim, grande parte da energia do impacto seria transferida para o calor, o que significa que a atmosfera começou a esquentar tanto que a camada superior dos oceanos começou a ferver", acrescentou explicou Drabon. Provavelmente levaria alguns anos a décadas para a poeira assentar e para a atmosfera esfriar o suficiente para o vapor de água retornar ao oceano, disse a geóloga.

O meteoro, porém, teria entregue uma grande quantidade de fósforo, nutriente crucial para as moléculas centrais armazenarem e transmitirem informações genéticas. O tsunami também teria misturado águas profundas ricas em ferro em águas mais rasas, criando um ambiente ideal para muitos tipos de micróbios porque o ferro fornece a eles uma fonte de energia. "Imagine esses impactos como bombas gigantes de fertilizantes", disse Drabon.

"Pensamos nos impactos de meteoros como sendo desastrosos e prejudiciais à vida - o melhor exemplo é o impacto de Chicxulub (na Península de Yucatán, no México), que levou à extinção não apenas dos dinossauros, mas também de 60-80% das espécies animais na Terra", disse Drabon. "Mas 3,2 bilhões de anos atrás, a vida era muito mais simples. Os microrganismos são relativamente simples, versáteis e se reproduzem em taxas rápidas", disse Drabon.

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