Ciência

Maior extinção em massa de espécies foi provocada por aquecimento global

Ela foi a maior da história da Terra, maior e muito anterior à dos dinossauros

Emissões: aumento das concentrações de dióxido de carbono contribui para o aquecimento do Planeta (starekase/Thinkstock)

Emissões: aumento das concentrações de dióxido de carbono contribui para o aquecimento do Planeta (starekase/Thinkstock)

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EFE

Publicado em 10 de dezembro de 2018 às 14h28.

A maior extinção em massa de espécies já registrada na Terra, ocorrida há 252 milhões de anos e que eliminou 96% da fauna marinha, foi resultado do aquecimento global e deixou os animais dos oceanos sem oxigênio suficiente para sobreviver, segundo um estudo divulgado na última quinta-feira.

Publicada na revista "Science" e realizada por especialistas das universidades americanas de Washington e Stanford, a pesquisa combina modelos climáticos e do metabolismo animal com dados de laboratório e registros paleoceanográficos para desentranhar as causas da extinção em massa que aconteceu no final do período Permiano.

Essa extinção foi a maior da história da Terra, maior e muito anterior à dos dinossauros.

"É a primeira vez que fazemos um prognóstico mecanicista sobre o que provocou a extinção que se pode provar diretamente com o registro fóssil, o que nos permite fazer prognósticos sobre as causas de extinção no futuro", destacou Justin Penn, autor do estudo e estudante de doutorado em Oceanografia na Universidade de Washington.

O modelo climático criado pelos pesquisadores reproduz a configuração da Terra durante o Permiano, quando os oceanos tinham temperaturas e níveis de oxigênio similar aos de hoje.

Seu experimentou consistiu em elevar os gases do efeito estufa ao nível requerido para fazer com que as temperaturas na superfície dos oceanos subissem 10 graus centígrados.

Dessa forma reproduziram as mudanças dramáticas ocorridas no final do Permiano nos oceanos, que perderam cerca de 80% do seu oxigênio, fundamentalmente nas suas áreas mais profundas.

Para analisar os efeitos dessas mudanças na fauna, os pesquisadores consideraram as diferentes sensibilidades ao oxigênio e à temperatura de 61 espécies marinhas modernas, que evoluíram em condições ambientais similares às que habitavam no Permiano.

Assim, constaram que "muito poucos organismos marítimos permaneciam nos mesmos habitats nos quais estavam vivendo", já que se tratava de "fugir ou perecer", de acordo com Curtis Deutsch, professor associado de Oceanografia da Universidade de Washington.

O modelo utilizado revelou, além disso, que as espécies que viviam mais perto dos polos foram as mais afetadas pela falta de oxigênio e desapareceram quase totalmente.

Se uma espécie tinha se adaptado "a um ambiente frio e rico em oxigênio, essas condições deixaram de existir nos oceanos poucos profundos", salientou Deutsch.

Para comprovar as descobertas dos pesquisadores da Universidade de Washington, os coautores Jonathan Payne e Erik Sperling, da Universidade de Stanford, analisaram as distribuições de fósseis do Permiano tardio na Base de Dados de Paleoceanografia, um arquivo virtual.

Esse registro fóssil mostra onde encontravam-se as espécies antes da extinção e quais foram eliminadas totalmente ou restringidas a uma fração do seu habitat anterior.

A insuficiência de oxigênio provocada pelo aquecimento global explica mais da metade das perdas de diversidade marinha nessa extinção em massa do final do Permiano e outros fatores, como a acidificação ou as mudanças na produtividade dos organismos fotossintéticos, atuaram como causas adicionais, segundo estes cientistas.

A situação no final do Permiano, quando o aumento dos gases do efeito estufa na atmosfera gerou temperaturas mais altas na Terra, é similar à atual.

Portanto, se continuarem os níveis atuais de emissões, "até o ano 2100 o aquecimento na parte superior do oceano terá se aproximado a 20% do que ocorreu no final do Permiano e, até o ano 2300, alcançará entre 35% e 50%", advertiu Penn.

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