Ciência

Sírio Libanês e Mendelics lançam teste de covid-19 para empresas por R$ 95

Parceria da Mendelics com o Hospital Sírio-Libanês produz exame para que fica pronto em 1 hora e não depende de matéria-prima que está em falta

 (Mendelics/Divulgação)

(Mendelics/Divulgação)

CC

Clara Cerioni

Publicado em 11 de junho de 2020 às 18h17.

Última atualização em 12 de junho de 2020 às 13h17.

A ausência de uma estratégia de testagem em massa para o novo coronavírus é um dos maiores problemas para a reabertura econômica do Brasil, que já entra em seu quarto mês de avanço da covid-19. Mesmo sem a perspectiva de rastrear o vírus, diversas cidades já estão autorizando a volta de serviços não essenciais, o que pode trazer mais descontrole para a doença que já fez 40.000 vítimas no país.

Esse desafio ganha uma esperança com o anúncio de um novo teste para identificar a presença da SARS-CoV-2, que pode ser feito em larga escala, desenvolvido pelo laboratório brasileiro Mendelics em parceria com o Hospital Sírio-Libanês. Nomeado de #PareCovid, o exame identifica a carga viral por meio de um teste molecular que reconhece o material genético do vírus.

A inovação em relação aos testes mais comuns, que são o RT-PCR e os rápidos, é que esse novo exame utiliza reagentes e equipamentos amplamente disponíveis no mercado. Enquanto a maior parte dos testes faz a coleta das amostras por meio de um swab nasal longo (espécie de cotonete), esse novo método permite a coleta pelo próprio paciente de amostras de saliva em um tubo estéril.

Além da agilidade, esse método também protege os profissionais de saúde, uma vez que não há necessidade de contato entre a pessoa suspeita de estar com o vírus e aquele que atualmente faz a coleta manual. Segundo o laboratório, os resultados ficam prontos em 1 hora, garantindo agilidade para processar os exames.

"Esse modelo nos permite realizar os testes sem os insumos que estão em falta. Até agora, todos os exames eram feitos com a haste flexível nasal, colocado em um líquido conservante. Há uma falência completa da cadeia desses suprimentos, o que limita a realização de amostras em escala", diz David Schlesinger, presidente e fundador da Mendelics.

A empresa prevê que, com a ampliação dos protocolos para empresas parceiras, seja possível processar 1 milhão de testes por dia. Atualmente o país realiza cerca de 25.000 diariamente.

A princípio, o #PareCovid deve custar cerca de 95 reais. Um projeto piloto está sendo conduzido com 50.000 pessoas, em parceria com outras empresas. Resultados preliminares não apontaram falso positivo para esse exame.

"Assim, vamos avaliar a forma de atendimento em larga escala, incluindo a logística e o rastreamento de amostras", afirma Laércio Cosentino, presidente do conselho da Totvs e um dos sócios da Mendelics.

Protocolo liberado

Assim que a fase piloto for concluída, a empresa diz que vai liberar os protocolos do testes para que qualquer laboratório possa replicar o método. Com isso, há a expectativa de que o país consiga reduzir a taxa de infecção da covid-19.

"O país vive um momento da pandemia em que ou conseguimos mapeá-la ou não conseguiremos ter um impacto na inclinação da curva. O momento é crítico. Precisamos saber onde o vírus está para proteger a população e isso só vai funcionar se fizermos milhões de testes e não milhares", afirma Luiz Reis, diretor de ensino e pesquisa do Sírio-Libanês.

Uma das preocupações dos envolvidos no projeto é garantir que as empresas possam testar seus funcionários e, assim, a retomada econômica seja menos problemática.

"O estrago de uma empresa que planeja um retorno pode ser grande com apenas um caso de covid-19. Os testes são importantes para isolar as pessoas que podem contagiar colaboradores", sinaliza Reis.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusCrise econômica

Mais de Ciência

Telescópio da Nasa mostra que buracos negros estão cada vez maiores; entenda

Surto de fungos mortais cresce desde a Covid-19, impulsionado por mudanças climáticas

Meteoro 200 vezes maior que o dos dinossauros ajudou a vida na Terra, diz estudo

Plano espacial da China pretende trazer para a Terra uma amostra da atmosfera de Vênus