Lula colossal: até hoje, o contato com essas criaturas raras se limitava a restos encontrados no estômago de baleias e aves marinhas (Ocean Institute/Divulgação)
Redação Exame
Publicado em 16 de abril de 2025 às 11h58.
A captura de um filhote de lula colossal em vídeo, pela primeira vez em 100 anos desde sua descoberta, foi anunciada pelo Schmidt Ocean Institute em março deste ano. O filhote, com cerca de 30 centímetros de comprimento, foi filmado a quase 2.000 metros abaixo da superfície do oceano, no Atlântico Sul, por um veículo subaquático operado remotamente pela equipe do instituto.
A descoberta é notável, pois, até hoje, o contato com essas criaturas raras se limitava a restos encontrados no estômago de baleias e aves marinhas, ou em interações com toothfish (peixes de dentes afiados) pescados comercialmente. A cientista Dr. Kat Bolstad, professora associada na Auckland University of Technology, disse que é "emocionante ver o primeiro vídeo in situ [no local] de uma lula colossal juvenil" e observou como esses animais não têm ideia de nossa existência.
A dificuldade em capturar essas lulas em imagens até agora é atribuída aos seus olhos grandes e sensíveis, que provavelmente as fazem evitar equipamentos de pesquisa brilhantes e barulhentos. Além disso, elas podem reagir a ameaças permanecendo imóveis na tentativa de não serem notadas.
A lula colossal, membro da família Cranchiidae, conhecida como "lulas de vidro", possui um corpo transparente que, conforme cresce, se torna opaco à medida que seus músculos se desenvolvem. O filhote observado apresenta olhos e órgãos brilhantes, um traço típico da espécie.
Quando a equipe avistou a lula, Thom Linley, curador de peixes no Museu de Nova Zelândia Te Papa Tongarewa, estava preparando anotações para uma imersão. Ao ver a lula rapidamente, ele pensou: "Oh não, isso pode ser importante." Ele enviou uma imagem de baixa resolução para Bolstad, o que ela descreveu como "incrivelmente cruel", pois a qualidade da imagem não era suficiente para confirmar a identidade do animal.
Aaron Evans, especialista em lulas de vidro e cientista independente, identificou rapidamente a lula como uma espécie de lula colossal, um momento que gerou grande empolgação entre os pesquisadores, especialmente ao saberem que o avistamento ocorreu próximo à Antártida, habitat exclusivo da espécie.
A lula colossal, que pode atingir 7 metros de comprimento e pesar até 500 quilos, é um dos invertebrados mais pesados do mundo e um predador formidável. Sua habilidade de capturar presas é ajudada por ganchos localizados em seus tentáculos, que também servem para se defender de predadores como as baleias cachalote.
Essa descoberta marca um avanço significativo no entendimento da vida marinha profunda e dos hábitos dessas criaturas misteriosas.