Porcos: carne suína geneticamente modificada pode ajudar na alimentação e até em transplantes médicos (Daniel Acker/Bloomberg)
Rodrigo Loureiro
Publicado em 15 de dezembro de 2020 às 14h26.
Um parecer da Food and Drug Administration (FDA), órgão americano semelhante à Anvisa no Brasil, aprovou a criação e uso de porcos geneticamente modificados para fins médicos e de alimentação. A ideia é de que o os animais que passam por um processo biotecnológico possam fornecer órgãos e tecidos para transplantes e propiciar carne para pessoas alérgicas.
Isso porque os porcos carecem propositalmente de uma molécula chamada de açúcar alfa-gal, que é responsável pelo desencadeamento de reações alérgicas. Os porcos modificados são chamados de GalSafe e são seguros para a alimentação. A falta da molécula também impede a rejeição em transplantes de órgãos. Entretanto, ainda faltam pesquisas acerca do assunto.
“A aprovação de hoje é a primeira de um produto de biotecnologia animal para alimentos e como uma fonte potencial para uso biomédico. Isso representa um enorme marco para a inovação científica,” disse o comissário da FDA, Stephen M. Hahn, em um comunicado.
A aprovação da FDA não vale para qualquer empresa que deseje realizar o processo, mas apenas para a Revivicor, companhia americana que já atua com biotecnologia desde 2003. A empresa foi adquirida em 2011 pelo conglomerado United Therapeutics por 7,6 milhões de dólares. A controladora tem ações listadas em bolsa e vale 6,4 bilhões de dólares.
O FDA já havia aprovado o uso de alimentos de outros animais geneticamente modificados, como cabras, galinhas e salmões. Esta foi a primeira vez, entretanto, que o uso de um animal geneticamente modificado vale também para fins médicos.