Ciência

Frio é aliado na árdua luta contra espécies invasoras na Flórida

Animais como as iguanas verdes e as pítons birmanesas chegaram ao estado como bichos de estimação e agora são uma praga

Miami: ondas de frio prejudicam animais invasores, que estavam causando danos às espécies nativas (Joe Raedle/Getty Images)

Miami: ondas de frio prejudicam animais invasores, que estavam causando danos às espécies nativas (Joe Raedle/Getty Images)

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EFE

Publicado em 5 de janeiro de 2018 às 17h31.

Miami - A onda de frio que atinge os Estados Unidos está ajudando as autoridades da Flórida na luta contra espécies invasoras, como as iguanas verdes e as pítons birmanesas, que chegaram ao estado como bichos de estimação e agora são uma praga.

Os jornais das cidades do sul da Flórida, como Miami, Fort Lauderdale, Tampa e Palm Beach, divulgaram nos últimos dias fotos e vídeos de moradores que encontraram algumas iguanas congeladas em seus jardins ou piscinas depois de caírem das árvores onde ficam.

Tanto as iguanas verdes, que estão por todos os lados, como as pítons birmanesas, que vivem no Parque Nacional de Everglades, a maior reserva natural da Flórida, sofrem quando a temperatura cai abaixo dos 4,4ºC, como nos últimos dias, podendo até morrer,

Há algumas semanas, a imprensa local divulgava os danos causados pelas iguanas verdes. Alguns dos jornais publicavam conselhos de especialistas para que os moradores se livrarem delas.

Grande destino turístico, a Flórida também recebe muitos animais de vários países. Isso é provado pelas mais de 500 espécies de mamíferos, aves, répteis, peixes, anfíbios e insetos não nativos que vivem na natureza do estado, segundo a Comissão de Conservação da Fauna da Flórida (FWC).

No entanto, a proliferação de alguns desses animais e os danos que eles causam às espécies nativas fez com que as autoridades estaduais implementassem um plano para eliminá-los.

No caso das pítons birmanesas, o plano mais eficaz parece ser autorizar que caçadores entrem em Everglades para matá-las. O FWC paga por cada animal morto. E, se ele for uma fêmea com ovos, a quantia recebida pelo caçador é maior.

Apesar de ser uma espécie invasora, as vorazes predadoras têm seus defensores na Flórida. A organização Pessoas pelo Tratamento Ético aos Animais (Peta) enviou recentemente uma carta à FWC para pedir que o órgão investigue se os caçadores de pítons estão violando as normas que proíbem a crueldade contra os animais.

No ano passado, Distrito de Gestão da Água no Sul da Flórida (SFWMD, na sigla em inglês), iniciou um programa de controle da população de pítons em Everglades que contou com a participação de 25 caçadores. Em nove meses, eles mataram 700 répteis.

Dusty Crum, um dos caçadores, definiu o programa como "necessário do ponto de vista ambiental". Segundo ele, a população de mamíferos na reserva está desaparecendo em um ritmo alarmante por causa das pítons, um "predador que se reproduz muito rapidamente e consome tudo o que encontra pela frente".

Como a iguana verde, proveniente das Américas do Sul e Central, as pítons birmanesas chegaram à Flórida devido ao gosto dos habitantes do estado por animais de estimação exóticos.

Animais que estavam em cativeiro ou que foram abandonados por seus donos acabaram, no entanto, parando no sul do estado.

A especialista da Divisão de Conservação de Espécies e Habitat da FWC, Sarah Lessard, indica que é ilegal soltar espécies não nativas na natureza. Na Flórida, essa é a principal fonte de introdução desses animais nos habitats do estado. EFE

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