Dependendo do esforço auditivo que é realizado, o estudante pode apresentar fadiga, além de dificuldade de concentração (Servidora pública Adeline Flaeschen usa aparelho auditivo/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 9 de agosto de 2018 às 12h32.
Última atualização em 9 de agosto de 2018 às 15h02.
Com o objetivo de facilitar a mensuração do esforço auditivo de adolescentes com deficiência auditiva, pesquisadores da USP criaram uma plataforma digital e gratuita que facilita a realização de testes de dupla tarefa.
Adolescentes com e sem deficiência auditiva participaram dos primeiros experimentos usando a ferramenta denominada Paleta e os resultados indicam que a plataforma poderá ser uma importante aliada dos fonoaudiólogos em diversos contextos.
O projeto é resultado da união de esforços de duas pesquisadoras da área de fonoaudiologia, Aline Duarte da Cruz e a professora Regina Tangerino de Souza Jacob, vinculadas à Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da USP, e de mais dois pesquisadores da área de computação, Wilmax Marreiro Cruz e o professor Seiji Isotani, ligados ao Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos.
Segundo a USP, a soma dos conhecimentos das duas áreas propiciou quantificar quanto os adolescentes se esforçam para compreender uma mensagem quando estão em uma situação adversa, enfrentando dificuldades para ouvir.
Dependendo do esforço auditivo que é realizado, o estudante pode apresentar fadiga, caracterizada como um sentimento de cansaço, exaustão, dificuldade de concentração, aumento da distração, alteração de humor, diminuição da energia e da eficiência mental, podendo levar ao estresse. Daí a relevância de construir instrumentos apropriados para mensurar o esforço auditivo.
Aline Duarte da Cruz explica que, para medir o esforço auditivo, é comum empregar um teste em que o participante precisa realizar duas tarefas simultaneamente. Em suas buscas, Cruz não encontrou uma padronização nas atividades secundárias.
Os fonoaudiólogos acabam tendo bastante trabalho para medir, manualmente, o esforço auditivo de um paciente na realização dessa dupla tarefa. Para ter validade científica, um teste assim precisa ser realizado por mais de um especialista, para garantir que não existam erros no registro dos dados no papel.
“Então, identificamos que havia uma lacuna: se usássemos a tecnologia para nos ajudar, poderíamos facilitar o registro dos dados e também tornar o teste mais agradável para os adolescentes, nosso público-alvo”, disse Cruz ao Jornal da USP.
Pela plataforma Paleta, o adolescente escuta várias sentenças em meio a ruídos enquanto vê, diante da tela de um computador, tablet ou do celular, uma sequência de cores piscando que precisa ser memorizada. A seguir, deve repetir as sentenças que escutou, bem como a sequência das cores que viu.
A plataforma registra automaticamente o que foi lembrado pelo participante, bem como os erros, os acertos e o tempo que cada adolescente levou para recuperar a informação visual. Com esses dados coletados, calcula-se o esforço auditivo.
A Paleta foi testada com 18 adolescentes com audição normal e 13 adolescentes com deficiência auditiva de grau moderado e severo, com média de idade de 14 anos. Esses 13 adolescentes usavam um aparelho de amplificação sonora individual (AASI).
A ferramenta estará disponível, em breve, em mais três idiomas – inglês, francês e espanhol – além do português. Gratuita e aberta, a plataforma pode ser personalizada. Ou seja, os fonoaudiólogos podem selecionar a quantidade de apresentações e a sequência de cores a serem empregadas na tarefa secundária que querem utilizar, de acordo com a tarefa primária selecionada.
A plataforma está acessível pela internet e pode ser utilizada via computador, tablet e celular, com suporte para sistema operacional IOS e Android. “Cada vez mais profissionais de saúde têm aderido ao uso de aplicativos para auxiliar na consulta, diagnóstico e acompanhamento de pacientes”, destaca Cruz.
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