Ciência

Fazer exercícios físicos pode mesmo ajudar no combate ao Alzheimer

Nova pesquisa mostra que um hormônio irisina pode ser arma eficaz para reverter os efeitos da doença

Hormônio produzido durante exercícios físicos, irisina pode ser uma arma eficaz para reverter os efeitos do Alzheimer (Stock.Xchange/Reprodução)

Hormônio produzido durante exercícios físicos, irisina pode ser uma arma eficaz para reverter os efeitos do Alzheimer (Stock.Xchange/Reprodução)

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Gustavo Gusmão

Publicado em 12 de janeiro de 2019 às 07h01.

Última atualização em 12 de janeiro de 2019 às 07h01.

São Paulo — Um novo artigo publicado nesta semana na revista científica Nature Medicine aumentou as esperanças para uma cura para o Alzheimer. Liderada por brasileiros da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a pesquisa mostra que um hormônio produzido durante exercícios físicos, a irisina, pode ser uma arma eficaz para reverter os efeitos da doença.

A descoberta veio apenas sete anos depois de o hormônio ser identificado no corpo humano pela primeira vez. Os pesquisadores Fernanda De Felice e Sergio Teixeira Ferreira queriam entender se a irisina também tinha algum efeito relevante no cérebro — como tem a insulina, outra molécula produzida fora do sistema nervoso central.

Para isso, com ajuda de pesquisadores de outras partes do mundo, os dois primeiro compararam os níveis da substância nos corpos de pacientes saudáveis com os de outros afetados por doenças neurodegenerativas. Descobriram que, no sangue, as quantidades de irisina eram similares em todas as pessoas que participam do teste.

Porém, no hipocampo, que é a parte do cérebro ligada à memória, a situação era bastante diferente nos dois lados. Em comparação a quem era saudável, os pacientes com Alzheimer no estágio mais avançado tinham metade da concentração do hormônio na região. “Como o nível estava baixo em quem tinha a doença, nos perguntamos se ele teria um papel importante no funcionamento dos neurônios”, explicou De Felice à Agência Fapesp.

Então, veio o passo seguinte: testar a hipótese em experimentos com ratos. Os camundongos foram expostos a diferentes situações em que precisavam colocar a memória para funcionar. Alguns deles, no entanto, haviam recebido antes, no hipocampo, uma injeção com um vírus que diminuía a produção de irisina.

Foram esses os “piores” nas provas: mesmo realizando uma ação repetidamente, eles esqueciam que não podiam, por exemplo, pisar no chão de uma gaiola especial para não tomar um leve choque. Depois de receber o hormônio de volta, o efeito de perda de memória acabava revertido.

Será essa a cura do Alzheimer?

Ainda é cedo para dizer se a irisina é a “arma” definitiva contra o Alzheimer. Mesmo que os resultados com camundongos tenham sido positivos, é preciso investigar melhor a ação do hormônio e confirmar a hipótese com mais testes, que posteriormente devem envolver pessoas.

De toda forma, De Felice e Ferreira se mostraram otimistas quanto à ação da substância no combate e na prevenção da doença. “Os resultados sugerem que, além de auxiliar a formação da memória, o hormônio do exercício protege os neurônios de danos das doenças neurodegenerativas”, disse o bioquímico Ferreira.

A neurocientista De Felice fez coro e reforçou que “é importante se manter fisicamente ativo para obter os benefícios da irisina para o organismo”. “Em especial para o cérebro, reduzindo o risco de desenvolver Alzheimer ou retardando seu início”, explicou.

* Com informações da Agência Fapesp

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