Covid-19: participam do compromisso público Pfizer, Johnson & Johnson e Moderna (Tang Ming Tung/Getty Images)
Thiago Lavado
Publicado em 4 de setembro de 2020 às 20h18.
Última atualização em 4 de setembro de 2020 às 21h00.
Várias empresas da indústria farmacêutica planejam divulgar um pronunciamento público se comprometendo a submeter as vacinas contra covid-19 à aprovação apenas quando forem comprovadas eficácia e segurança.
Uma versão preliminar da posição das empresas, uma união rara nesse setor, foi vista pelo jornal Wall Street Journal, que afirma que o posicionamento deve ser divulgado no início da próxima semana. Participam do compromisso público Pfizer, Johnson & Johnson e Moderna.
De acordo com a documentação, o compromisso é sobre garantir que o bem-estar das pessoas vacinadas seja prioridade, com as empresas aderindo a padrões éticos e científicos de alta qualidade nos testes clínicos e no processo de fabricação das amostras. Segundo fontes ouvidas pelo WSJ, a ideia por trás da iniciativa é assegurar para o público que a indústria não está pegando atalhos na elaboração, testagem e fabricação das vacinas.
O mês de setembro deve ser decisivo para as vacinas contra a covid-19. O andamento das pesquisas está acelerado. Das mais de 100 vacinas em desenvolvimento, nove estão na fase 3 de testes, quando a vacina é estudada num ensaio com dezenas de milhares de pessoas no mundo. É a última etapa necessária para que uma vacina seja considerada segura para o uso na população.
Os primeiros resultados dos testes são esperados já para outubro, de acordo com as empresas e laboratórios envolvidos nas pesquisas. Entre elas estão a vacina desenvolvida pelo laboratório americano Pfizer em conjunto com a empresa alemã BioNTech, e a vacina da Universidade de Oxford, do Reino Unido, junto da farmacêutica AstraZeneca.
Na quinta-feira, 3, o presidente da Pfizer afirmou que os resultados da última fase de testes da vacina contra o novo coronavírus devem sair já no começo de outubro.
A vacina da Pfizer, que tem como base o RNA mensageiro, tem como objetivo produzir as proteínas antivirais no corpo do indivíduo. Com a injeção, o conteúdo é capaz de informar as células do corpo humano sobre como produzir as proteínas capazes de lutar contra o coronavírus.
A última fase de testes da proteção ainda está acontecendo e já foi realizada com 23.000 voluntários com idades entre 18 e 85 anos. Desse total, 1.000 serão testados no Brasil, com voluntários na Bahia e em São Paulo. Os demais participantes estão distribuídos em 39 estados dos Estados Unidos, e também na Argentina e na Alemanha. A empresa espera chegar a um total de 30.000 voluntários.
Uma pesquisa aponta que as chances de prováveis candidatas para uma vacina dar certo é de 6 a cada 100 e a produção pode levar até 10,7 anos. Para a covid-19, as farmacêuticas e companhias em geral estão literalmente correndo atrás de uma solução rápida.
Nenhum medicamento ou vacina contra a covid-19 foi aprovado até o momento para uso regular, de modo que todos os tratamentos são considerados experimentais.
No Brasil, há dois testes finais em andamento. Um deles é com a vacina chinesa Sinovac, que já vem sendo aplicada desde julho em grupos controlados em seu país de origem. Por aqui, os testes da fase 3 continuam com 2 mil voluntários em parceria com o Instituto Butantan. Outros 9 mil voluntários serão incluídos nos resultados ao longo de setembro.
Segundo Dimas Covas, diretor do Butantan em entrevista à GloboNews, a eficácia deve ser conhecida até o fim do ano e a ideia é começar a vacinar a população no início de 2021. O governador de São Paulo, João Doria, afirmou semana passada que a vacina pode estar no SUS em dezembro.
Outra vacina em fase avançada de testes no Brasil, a de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, também deve ter em setembro um mês decisivo para os testes. O planejamento do governo federal é que 30 milhões de doses cheguem ainda este ano. Isso, claro, se tudo certo ao longo de setembro.