Microcefalia: um dos estudos descobriu o caso de um bebê nascido sem microcefalia, mas cuja cabeça parou de crescer aos dois meses de vida (Ueslei Marcelino/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 17 de abril de 2017 às 16h32.
Última atualização em 17 de abril de 2017 às 16h34.
São Paulo - Dois estudos brasileiros revelados pelo jornal O Estado de S. Paulo indicam que a infecção pelo zika pode causar mais danos do que os conhecidos ou provocar sequelas meses após o nascimento.
Em uma das pesquisas, cujos resultados foram publicados no periódico Acta Neuropathologica, um grupo de patologistas analisou amostras de tecido cerebral de dez bebês que morreram após o parto e cujas mães haviam sido infectadas pelo zika na gestação. Os cientistas verificaram que cinco crianças haviam desenvolvido hidrocefalia (acúmulo de líquido no cérebro).
"Nesses casos, a lesão provocada pelo zika era muito mais grave, estava no tronco cerebral. Ali, a calcificação e a destruição eram muito intensas", explica a líder do estudo, Leila Chimelli, neuropatologista do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, membro da Sociedade Brasileira de Patologia e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Outro achado nesse estudo foi o caso de um bebê com indícios de insuficiência renal possivelmente associada à infecção pelo zika. O vírus foi encontrado nos rins da criança.
Um segundo estudo, ainda em andamento e coordenado pelo médico Saulo Duarte Passos, professor da Faculdade de Medicina de Jundiaí, descobriu o caso de um bebê nascido sem microcefalia, mas cuja cabeça parou de crescer aos dois meses de vida.
"Hoje o bebê tem seis meses e o perímetro cefálico está estagnado desde então. Esse caso mostra a importância do acompanhamento também dos bebês que nascem sem nenhuma anormalidade", conta.
O estudo foi iniciado há um ano para acompanhar 700 gestantes da região de Jundiaí e seus respectivos bebês, independentemente da ocorrência de zika na gravidez. Do total, 526 já deram à luz e 46 crianças nasceram com microcefalia.