Ciência

Estudo mede pela 1º vez a influência do Sol no aquecimento global

Os cientistas partiram da hipótese de que os raios lançados pelo Sol no planeta provocam variações "mais importantes" que as reunidas em modelos anteriores

Sol: a interferência seria a única explicação para as mudanças climáticas naturais que o planeta experimentou nos últimos milênios (Carl Court/Getty Images)

Sol: a interferência seria a única explicação para as mudanças climáticas naturais que o planeta experimentou nos últimos milênios (Carl Court/Getty Images)

E

EFE

Publicado em 27 de março de 2017 às 10h34.

Genebra - As oscilações da atividade solar têm um efeito perceptível sobre o clima terrestre, foi o que descobriu um grupo de pesquisadores da Suíça, que conseguiu estimar pela primeira vez a influência do astro rei no aquecimento global do planeta Terra, informou nesta segunda-feira o Fundo Nacional Suíço.

O mundo da ciência já sabia que as oscilações da atividade solar modificam a intensidade da radiação que chega à Terra, mas determinar se essas variações exerciam ou não uma influência mensurável sobre o clima terrestre constituiu uma questão central da pesquisa climática.

Os cientistas envolvidos no estudo partiram da hipótese de que os raios lançados pelo Sol no planeta provocam variações "mais importantes" que as reunidas em modelos anteriores, com o argumento de que esta é a única explicação para as mudanças climáticas naturais que o planeta experimentou nos últimos milênios.

Analistas do Observatório de Física Meteorológica de Davos, do Instituto Federal de Ciência Aquática e Tecnologia (Eawag) da Suíça, do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique e da Universidade de Berna se basearam em análises numéricas de computador para estabelecer uma estimativa "sólida" da influência da estrela sobre a temperatura da Terra durante os próximos 100 anos.

Financiados pelo Fundo Nacional Suíço, os cientistas descobriram que, após uma fase de alta intensidade solar após 1950, a atividade do Sol diminuirá em breve.

O estudo prevê que uma radicação mais fraca da estrela pode contribuir para uma redução total da temperatura terrestre de 0,5 grau.

Este efeito, no entanto, não compensará o aquecimento do planeta induzido pelas atividades humanas, que provocou um aumento de aproximadamente um grau centígrado da temperatura global em comparação com os números registrados na era pré-industrial.

No entanto, o diretor do Observatório de Física Meteorológica de Davos e responsável do projeto, Werner Schmutz, afirmou que o descobrimento desta redução da atividade solar é "importante" e pode ajudar a lidar com as consequências da mudança climática.

"Poderemos ganhar um tempo precioso se a atividade do Sol diminuir e se houver uma ligeira redução do auge das temperaturas terrestres", disse Schmutz, que detalhou que este "respiro será passageiro", pois, "após um mínimo de atividade solar, sempre vem um máximo".

Além disso, os cientistas lembraram que "sempre é complicado" prever como o próximo ciclo do astro rei afetará a Terra, pela impossibilidade de ter acesso a todos os dados da atividade solar e da temperatura do planeta.

Acompanhe tudo sobre:Aquecimento globalClimaEspaçoSol

Mais de Ciência

Telescópio da Nasa mostra que buracos negros estão cada vez maiores; entenda

Surto de fungos mortais cresce desde a Covid-19, impulsionado por mudanças climáticas

Meteoro 200 vezes maior que o dos dinossauros ajudou a vida na Terra, diz estudo

Plano espacial da China pretende trazer para a Terra uma amostra da atmosfera de Vênus