Ciência

Estudo indica que 8% da superfície terrestre pode afundar em menos de 20 anos

Segundo os pesquisadores, o problema será causado por um fenômeno geográfico conhecido subsidência

Água: cidades do mundo poderão afundar até 2040 (Nuture/Getty Images)

Água: cidades do mundo poderão afundar até 2040 (Nuture/Getty Images)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 11 de janeiro de 2021 às 08h58.

Última atualização em 11 de janeiro de 2021 às 20h53.

Até 2040, pelo menos 8% da superfície terrestre deve afundar, segundo um estudo publicado na revista científica Science. A pesquisa sugere que cerca de 12 milhões de quilômetros quadrados de terra estão ameaçados, com uma probabilidade de isso acontecer que passa dos 50% – e que afetaria mais de 635 milhões de habitantes.

Segundo os pesquisadores, o problema será causado por um fenômeno geográfico conhecido subsidência, causado pelo rebaixamento da superfície de um terreno por conta da extração de água, petróleo e gás do subsolo subterrâneo. As áreas mais afetadas, de acordo com os estudos, serão as próximas a locais urbanos e irrigados, com alto nível de estresse de água e grande demanda em relação à água encontrada no subsolo, como, por exemplo, locais na Ásia e na América do Norte.

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"A subsidência reduz permanentemente a capacidade de estoque do sistema aqüífero, causando fissuras na terra, prejudicando prédios e infraestruturas civis, além de aumentar a suscetibilidade e o risco de inundações", explicam os pesquisadores.

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A demanda por água subterrânea já tem causado implicações sérias para a humanidade – e deve aumentar nas próximas décadas. A cidade que afunda mais rápido no mundo inteiro está localizada no Irã e, a cada ano, fica 25 centímetros mais funda por conta de um bombeamento irregular. Na Europa, o local mais impactado são os Países Baixos, onde a subsidência é responsável por colocar 25% do país abaixo do nível do mar, o que aumenta o risco de inundações.

Em outros continentes, como é o caso da África, da Austrália e da América do Sul, os riscos da subsidência são menores devido ao esgotamento das águas subterrâneas.

Os maiores riscos para a população estão na Ásia (com 86% da população provavelmente exposta à subsidência) e na América do Norte e na Europa (ambos continentes com 9%). Os resultados, de acordo com os pesquisadores, mostra que 97% da população exposta globalmente está concentrada em 30 países – sendo que a Índia e a China são as líderes em termos de extensão e população exposta.

Isso tudo acontecerá por causa das mudanças climáticas, segundo os pesquisadores. "Durante esse século, o aquecimento global causará um impacto sério no recurso da água no mundo todo, por conta do aumento do nível dos mares, inundações cada vez mais frequentes e severas, bem como secas e mudanças no valor de precipitação (chuva versus neve), e um aumento na evapotranspiração. As secas prolongadas irão diminuir o carregamento de água subterrânea e aumentar o seu esgotamento, intensificando a subsidência", explicam os cientistas.

Essa não é a primeira (e nem a última) vez que a ciência alerta para os efeitos da subsidência. Em 2018, por exemplo, foi apontado que Jacarta, capital da Indonésia, havia afundado 2,5 metros em 10 anos, com uma expectativa de continuar descendo 25 centímetros por ano.

Um problema sério e que pode atingir o resto do mundo mais cedo do que o imaginado.

 

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