Para algumas pessoas os sintomas podem ir e vir em recaídas, enquanto em outras pioram progressivamente (AFP/AFP Photo)
Agência de notícias
Publicado em 29 de junho de 2023 às 14h33.
Uma variante genética é responsável pelo agravamento da esclerose múltipla, segundo pesquisa científica que pode levar a um novo medicamento contra a doença.
A esclerose múltipla é o resultado de um corpo sendo atacado por seu próprio sistema imunológico, o que gera uma variedade de sintomas, incluindo problemas de visão, movimento e equilíbrio.
Para algumas pessoas os sintomas podem ir e vir em recaídas, enquanto em outras pioram progressivamente.
Apesar de existirem tratamentos que podem ajudar a controlar os sintomas, ainda não há cura ou forma de retardar o agravamento da doença.
Um estudo publicado na quarta-feira na revista Nature anunciou pela primeira vez uma variante genética ligada à gravidade da esclerose múltipla. O resultado veio de uma ampla colaboração de pesquisadores de mais de 70 institutos de todo o mundo.
Na primeira etapa os pesquisadores combinaram dados genéticos de 12.000 pessoas com a doença, a fim de estudar quais variantes compartilhavam e com que rapidez a doença progredia.
De sete milhões de variantes, apenas uma foi associada à rápida progressão da doença.
A variante está entre dois genes chamados DYSF e ZNF638, que até agora não foram relacionados à esclerose múltipla, de acordo com o estudo.
O primeiro gene trabalha para reparar células danificadas, enquanto o outro ajuda a controlar infecções virais.
Segundo os estudos, esses genes são muito mais ativos no cérebro e na medula espinhal do que no sistema imunológico, área que o estudo para medicação se concentrou até agora.
Para confirmar suas descobertas, os pesquisadores investigaram os dados genéticos de outros 10.000 pacientes e encontraram resultados semelhantes.
"Herdar essa variante genética de ambos os pais adianta em quase quatro anos o momento em que uma pessoa precisará de ajuda para andar", disse o pesquisador americano e coautor do estudo, Sergio Baranzini, em comunicado.
A neurocientista Ruth Dobson, da Universidade Queen Mary de Londres, que não participou da pesquisa, disse à AFP que havia "muito entusiasmo por este estudo" entre os especialistas em esclerose múltipla.
"É o primeiro passo para encontrar tratamentos que funcionem de maneira diferente", disse ela, enfatizando que qualquer medicamento está muito longe de estar disponível.
O fato de a pesquisa ter como alvo o sistema nervoso, e não o sistema imunológico, "abre um novo caminho potencial para os tratamentos, o que é realmente emocionante", acrescentou.
Mais de 2,8 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem com as consequências da esclerose múltipla.