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Agência
Publicado em 11 de março de 2025 às 16h08.
Um estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), publicado em 10 de março, aponta que as emissões de gases de efeito estufa estão alterando a atmosfera terrestre e dificultando a eliminação natural do lixo espacial. A pesquisa, conduzida em parceria com a Universidade de Birmingham, revela que o aumento dessas emissões pode comprometer a capacidade da órbita terrestre baixa de suportar satélites e outras aeronaves no futuro.
Os cientistas explicam que a liberação de dióxido de carbono (CO₂) e outros gases na atmosfera intensifica a radiação infravermelha emitida para o espaço, causando o resfriamento e a contração das camadas superiores da atmosfera. Com isso, a densidade do ar na órbita terrestre baixa (entre 200 e 1.000 km de altitude) diminui, reduzindo a resistência que normalmente faria com que os detritos queimassem ao reentrar na Terra.
Com menos atrito, o lixo espacial permanece em órbita por mais tempo, aumentando o risco de colisões e dificultando a manutenção segura de satélites e outras operações espaciais.
Simulações feitas no estudo indicam que, em um cenário de altas emissões, a capacidade da órbita terrestre baixa de suportar satélites pode cair entre 50% e 66% até o final do século.
Se esse limite for ultrapassado, o risco de colisões em cadeia aumenta, tornando inviável a operação segura de novos satélites. Esse fenômeno pode gerar uma reação em cascata, conhecida como Síndrome de Kessler, em que fragmentos resultantes de colisões criam mais detritos, dificultando ainda mais o uso do espaço para comunicações, navegação e monitoramento climático.
O estudo, publicado na revista Nature Sustainability, destaca a necessidade urgente de controle das emissões de gases estufa para evitar impactos negativos na sustentabilidade das operações espaciais.
O principal autor da pesquisa, William Parker, do MIT, enfatiza a gravidade do problema: “Dependemos da atmosfera para remover os detritos espaciais. Se ela está mudando, todo o ambiente orbital será afetado.”
O relatório reforça a importância de políticas ambientais e regulatórias para preservar o espaço como um ambiente seguro para futuras gerações e evitar um cenário de congestionamento orbital irreversível.