Estagiária de jornalismo
Publicado em 11 de fevereiro de 2025 às 11h15.
Um estudo da Universidade Johns Hopkins revelou um comportamento surpreendente nos bonobos, uma espécie de chimpanzé: esses primatas conseguem perceber quando um humano está completamente perdido sobre uma situação – e, de forma inesperada, fazem questão de ajudar.
A pesquisa, publicada na Proceedings of the National Academy of Sciences, foi realizada em um ambiente controlado. Os cientistas esconderam uma guloseima debaixo de um dos três copos, às vezes na frente de um humano e às vezes sem que ele visse.
O resultado? Quando o humano passava por dificuldades para encontrar os itens, os bonobos apontavam para o copo certo – uma ajuda que muitos gostariam de ter na hora de encontrar o controle remoto.
“O experimento aparentemente simples demonstrou pela primeira vez que os primatas se comunicarão com informações desconhecidas em nome do trabalho em equipe”, disse a universidade em comunicado.
O estudo sugere que os bonobos possuem uma forma primitiva de "teoria da mente", ou seja, eles entendem que nem todo mundo sabe tudo o tempo todo.
Para Thiago Mendes, biólogo e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, a pesquisa reforça a importância dos estudos sobre a inteligência dos primatas.
“Observamos vários estudos de interação social entre chimpanzés, gorilas e macaco-prego. O macaco-prego, por exemplo, tem um potencial de interação para resolver problemas extremamente complexos", disse.
Ele destaca que a descoberta abre portas para novas pesquisas, ampliando o entendimento sobre o comportamento dos bonobos. “Esse estudo traz novas possibilidades para investigações futuras, mas não altera como abordamos o estudo dos primatas”, explica.
Agora, os cientistas querem entender por que os bonobos fazem isso. Será pura gentileza ou uma forma de garantir que os humanos continuem servindo guloseimas? E mais importante: como podemos convencer esses primatas a nos ajudarem a encontrar meias perdidas?
Além da descoberta científica, o estudo também joga luz sobre a necessidade de proteger os bonobos, uma espécie ameaçada de extinção.