Coronavírus: novo teste tem resultado em até 24h (CHRISTOPH BURGSTEDT/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)
Tamires Vitorio
Publicado em 1 de dezembro de 2020 às 13h05.
O autoteste da Universidade de São Paulo (USP) para identificar o novo coronavírus foi lançado nesta terça-feira, 1º de dezembro. O teste, que permitirá que o próprio paciente colete a sua saliva em casa, consegue identificar casos da doença em até 24 horas, além de ser tão preciso e sensível quanto o RT-PCR, considerado o teste mais confiável.
Até o momento, o autoteste só estará disponível em São Paulo. É possível comprá-lo pelo valor de 150 reais ou fazer a coleta presencialmente no CEGH-CEL (Rua R. do Matão, 106 – Butantã) por 90 reais. É preciso agendar a visita ao local e o resultado é enviado por e-mail.
Ao adquirir o teste, o paciente recebe um kit embalado em saco plástico. Para realizá-lo, basta cuspir dentro do tubo de ensaio e lacrá-lo; depois é necessário fazer a higienização dele com álcool em gel. Por fim, deve-se retornar o tubo para dentro da caixa e fechar o kit.
Segundo a USP, o autoteste é uma opção mais segura do que os demais por dois motivos: o primeiro é a diminuição do contágio, uma vez que um profissional de saúde não é necessário para a realização da coleta, e o segundo é que o uso da saliva dispensa o uso de swabs (espécie de cotonete que recolhe amostras de nasofaringe) para a testagem.
Além de ser considerada uma opção mais segura, o teste de saliva é também mais barato. A pesquisadora Maria Rita Passos-Bueno explica que a redução de custos se deve ao fato de o teste da saliva não precisar extrair o ácido nucleico das amostras, o que requer reagentes importados e caros. O ácido, também conhecido como RNA, é um composto “primo” do DNA. Nos testes de saliva, os processos são mais simples.
“Conseguimos reduzir consideravelmente os custos finais do teste. Com isso, amplia-se o benefício para a população que poderá contar com uma opção mais acessível, segura e rápida de testagem”, afirmou Passos-Bueno em um comunicado enviado à imprensa.
A técnica de testagem por saliva é chamada de RT-LAMP e, assim como o PCR, é capaz de verificar se o vírus está presente no organismo do indivíduo.
Ambos não são como os testes sorológicos (ou rápidos), que se baseiam na quantidade de anticorpos encontrados em um determinado paciente e podem indicar uma infecção prévia.
Por isso é indicado que o autoteste seja realizado entre o segundo e o sétimo dia após o possível contágio, quando a carga viral é mais alta no organismo.
O teste realizado por saliva é utilizado também para o diagnóstico de outras doenças, como o HIV, a zika e a dengue.
A pesquisa
O projeto de pesquisa do teste da saliva conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de S. Paulo (Fapesp) e da JBS, empresa do ramo alimentício que destinou R$ 50 milhões para 38 pesquisas científicas de enfrentamento ao coronavírus. Os pesquisadores agora buscam mais investimentos para ampliar a capacidade de testagem. O número de atendimentos por dia, por exemplo, pode aumentar.
Além disso, o objetivo é oferecer o teste em localidades com pouca infraestrutura para coleta e análise, incluindo os laboratórios de referência das universidades.