Ciência

Dose de reforço pode beneficiar pacientes com câncer, indica estudo

Proteção da vacina diminui com o passar dos meses, especialmente naqueles com sistema imunológico comprometido, o que mostra a necessidade de uma terceira dose para proteger a população contra o coronavírus

No estudo, 70% foram vacinados com Pfizer, 25% com Moderna e 5% com Johnson & Johnson, de dose única (GettyImages/Getty Images)

No estudo, 70% foram vacinados com Pfizer, 25% com Moderna e 5% com Johnson & Johnson, de dose única (GettyImages/Getty Images)

LP

Laura Pancini

Publicado em 17 de novembro de 2021 às 11h35.

Um novo estudo realizado por pesquisadores do Montefiore Einstein Cancer Center (MECC), nos Estados Unidos, indica que a maioria dos pacientes com câncer que tomaram uma terceira dose (ou dose de reforço) contra o coronavírus tiveram uma resposta imune melhor do que somente aqueles vacinados com duas doses.

Os pesquisadores do MECC vem publicando uma série de pesquisas com foco em pacientes com câncer e o vírus da pandemia desde maio de 2020. A mais recente, publicada na revista científica Cancer Cell, mostra que pacientes com câncer, especialmente aqueles com câncer no sangue, se beneficiam da dose de reforço contra a covid-19.

No Brasil, o Ministério da Saúde acaba de anunciar que todos a partir de 18 anos serão elegíveis para a terceira dose, desde que tenham tomado a injeção anterior cinco meses antes. Até aqueles que tomaram dose única terão que se vacinar três vezes no total.

Imunossuprimidos ou idosos já podem tomar a terceira dose no Brasil. Como contam com um sistema imunológico mais fraco, a proteção da vacina diminui com o passar dos meses. A regra é a mesma para aqueles com câncer. 

Como foi feito o estudo?

Separados em dois grupos, os participantes que receberam a dose de reforço tinham uma idade média de 69 anos e estavam quase igualmente divididos entre homens e mulheres. 65% tinham câncer no sangue e 35% tinham um tumor sólido.

No primeiro grupo, 99 pessoas completamente imunizadas tiveram a presença de anticorpos antivirais no sangue testada (indicativo da proteção da vacina). Para a maioria, os níveis de anticorpos caíram quando o teste foi repetido 4 a 6 meses depois.

O mesmo foi feito com o segundo grupo, com 88 pacientes com câncer totalmente vacinados. 64% tinham anticorpos detectáveis, enquanto o resto testou negativo.

Dos participantes, vale ressaltar que 70% foram vacinados com Pfizer, 25% com Moderna e 5% com Johnson & Johnson, de dose única.

Na terceira e última etapa, eles receberam a dose de reforço de uma vacina da covid-19. Um mês depois, 79,5% (70 de 88 pessoas) tinham níveis de anticorpos mais altos do que antes de receberem a dose extra. 56% dos que testaram negativo para a presença de anticorpos agora tinham eles novamente após a nova injeção.

"Nosso estudo demonstra em termos claros como a dose de reforço pode fazer toda a diferença para algumas pessoas com sistema imunológico comprometido, como pessoas com câncer", disse Balazs Halmos, diretor associado de ciências clínicas do MECC. "Acreditamos que essas descobertas ressaltam o benefício contínuo que as vacinas proporcionam a todos os nossos pacientes."

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