Ciência

De radiação à gravidade: passar meses no espaço faz mal ao corpo humano?

Uma equipe da Nasa testou uma ampla gama de tarefas para investigar como isso poderia impactar o desempenho cognitivo

As respostas dos astronautas aos testes foram mais lentas do que na Terra, mas não menos precisas (Rick Partington / EyeEm/Getty Images)

As respostas dos astronautas aos testes foram mais lentas do que na Terra, mas não menos precisas (Rick Partington / EyeEm/Getty Images)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 26 de novembro de 2024 às 10h33.

Ficar um tempo prolongado no espaço não é exatamente inofensivo para o corpo humano. Radiação, gravidade alterada, perda de sono, tudo isso pode afetar astronautas. Alguns são até hospitalizados ao retornar à Terra. Logo, é importante saber como esses estresses podem impactar o desempenho cognitivo de um astronauta.

Um novo estudo publicado no periódico Frontiers in Physiology (e divulgado pelo site Popsci) acompanhou 25 astronautas na órbita baixa da Terra a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS).

Uma equipe da Nasa testou uma ampla gama de tarefas para investigar como isso poderia impactar o desempenho cognitivo. Felizmente, não houve muito impacto. No entanto, algumas respostas ainda foram um pouco mais "lentas" do que teriam sido na Terra.

Sem comprometimento cognitivo

"Mostramos que não há evidências de qualquer comprometimento cognitivo significativo ou declínio neurodegenerativo em astronautas que passaram seis meses na ISS", disse Sheena Dev, coautora do estudo e neuropsicóloga clínica do Laboratório de Saúde Comportamental e Desempenho da Nasa em um comunicado. “Viver e trabalhar no espaço não foi associado a comprometimento cognitivo generalizado que seria sugestivo de dano cerebral significativo.”

No novo estudo, os astronautas passaram por uma série de testes. Em cada um deles, pesquisadores mediram sua velocidade e precisão em cinco pontos no tempo: pré-missão, voo inicial, voo final, dez dias após o pouso e 30 dias após o pouso.

As respostas dos astronautas aos testes que avaliaram velocidade de processamento, memória de trabalho e atenção foram mais lentas do que na Terra. No entanto, não foram menos precisas e não duraram tanto.

“Desempenho lento na atenção, por exemplo, só foi observado no início da missão, enquanto o desempenho lento na velocidade de processamento não retornou aos níveis de base até depois que a missão terminou e a tripulação voltou à Terra”, disse Dev.

O desempenho cognitivo deles foi estável no geral. A equipe também não encontrou nenhuma evidência que sugira danos ao sistema nervoso central durante uma missão espacial de seis meses.

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